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sábado, 20 abril, 2024
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    Álcool e Câncer: Precisamos falar sobre isso

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    Dra. Mariane Taveira*

    Existem fortes evidências epidemiológicas que suportam a associação causal entre o álcool e câncer em, ao menos, sete sítios: orofaringe, laringe, esôfago, fígado, cólon, reto e mama feminina. No entanto, as discussões públicas e científicas com frequência utilizam expressões como “câncer relacionado ao álcool” ou “atribuível ao álcool”, sendo facilmente interpretado como algo menos importante que câncer causado pelo etilismo.

    A baixa compreensão dos mecanismos biológicos – e reconhecimento de que para um mesmo câncer há vários fatores de risco –  dificultam  a associação  do álcool como verdadeira “causa do câncer”.  Aliados a isso estão o discurso da indústria e a baixa aceitação social da interrupção do consumo.

    Existe uma relação direta entre dose e aumento do risco, assim como com  a localização que  é mais forte nos cânceres de boca faringe e esôfago (risco relativo, 4-7 por >50 g/dia de álcool em comparação a não beber) e menor para tumor colorretal, hepático e da mama feminina (risco relativo 1,5 para >50 g/dia).

    Para os cânceres de boca, faringe, laringe  e esôfago existe ainda relação do álcool com o tabagismo, resultando em um efeito multiplicador de risco. Reforçando a relação causal entre álcool e câncer está a evidencia de que a interrupção do hábito está associada a redução de risco, tornando-se igual ao de não etilistas em um período aproximado de 20 anos.

    Os mecanismos pelos quais o álcool causa câncer ainda são pouco entendidos. Existe forte evidência que o dano ao DNA é causado pelo acetaldeído, um metabolito sabidamente carcinogênico.  O álcool também pode agir facilitando o acesso de outros carcinógenos, como os componentes do tabaco, permitindo sua entrada na mucosa das células do trato aerodigestivo.

    Os benefícios do consumo moderado de álcool para a saúde, principalmente relacionado a doenças cardiovasculares, vem sendo revistos uma vez que não existe nível seguro de consumo quando se trata de câncer.

    Pesquisas em andamento serão importantes para ajudar na compreensão dos mecanismos e aumentar a confiabilidade dos dados epidemiológicos.

    Dra. Mariane Taveira é Oncologista Clínica do Centro de Câncer de Brasília (Cettro)
    Dra. Mariane Taveira é Oncologista Clínica do Centro de Câncer de Brasília (Cettro)

     

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