Coçar os olhos com muita frequência e com força é um dos fatores de risco mais importantes para o ceratocone, doença da visão que provoca vista borrada tanto para longe quanto para perto, dores de cabeça, halos em torno das luzes e aumento da sensibilidade à luz, entre outros sintomas.
O problema surge a partir dos traumas provocados no globo ocular pela coceira intensa e frequente, afetando o formato e a espessura da córnea e provocando a percepção de imagens distorcidas. Apesar de não ter cura, o ceratocone pode ser controlado. Sua evolução é quase sempre progressiva e acontece junto ao aumento do grau de astigmatismo e miopia, além de acentuada baixa de visão.
O ressecamento dos olhos, comum em lugares com clima mais seco como o Distrito Federal e em pessoas que ficam muito tempo na frente de telas de computadores, tablets e smartphones, aumenta a vontade de coçar os olhos e pode contribuir para o desenvolvimento da doença. Por isso, o uso de colírios lubrificantes ou mesmo antialérgicos é indicado em alguns casos.
Em geral, o ceratocone começa na puberdade e se estende até os 30 ou 35 anos, quando há uma tendência à estabilização. Todavia, quanto mais precoce o seu aparecimento, maior a tendência de ele se agravar com o passar do tempo, caso não seja devidamente tratado.
O diagnóstico da doença é feito pelo especialista com base no exame clínico e em exames complementares, como a topografia de córnea. Por isso, é fundamental consultar o oftalmologista com regularidade.
Outros fatores, como a coceira e atopia – tendência hereditária a desenvolver manifestações alérgicas, estão presentes em cerca de 20% dos pacientes com ceratocone. Além disso, o histórico familiar também é um dos fatores de risco e se apresenta em 6 a 8% dos casos, o que sugere que a herança genética é uma causa relevante.
De forma geral, os tratamentos buscam estabilizar a doença, eliminando fatores de risco como o ressecamento da córnea com uso de colírios, que também ajudam a evitar a necessidade de coçá-los com frequência. Procedimentos cirúrgicos e o uso de óculos ou lentes de contato também podem ser recomendados. Apenas em casos extremos (menos de 5% das ocorrências), há a necessidade de transplante de córnea.
* Marcos Uchôa é oftalmologista Formado em medicina pela Universidade Federal do Pará e com área de atuação em catarata e cirurgia refrativa, Marcos Uchôa é especialista em oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e membro da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR).