Conheça o relato inspirador de uma mãe que enfrentou o câncer de mama durante a gravidez e como funciona o tratamento em pacientes gestantes
Receber o diagnóstico de câncer de mama não é fácil, especialmente se o diagnóstico for dado durante a gestação. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres brasileiras depois do câncer de pele não melanoma. A estimativa para este ano de 2019, é de cerca de 60 mil novos casos da doença no país. E, para cada 3000 mulheres grávidas, uma é diagnosticada com câncer de mama. Seja durante a gestão, amamentação ou no primeiro ano após o parto.
A ideia de tratamento do câncer de mama no período gestacional parece perigosa. Mas no mês em que é comemorado do Dia das Mães (12/05), a oncologista Ludmila Thommen faz um alerta para a importância do diagnóstico precoce da doença. “As campanhas de modo geral, alertam as mulheres para que os exames sejam feitos a partir dos 40 anos. Isso faz com que muitas mulheres mais novas não saibam que a doença pode acometê-las, até mesmo na gravidez” diz a médica.
Em 2018, a estudante e dona de casa, Jaqueline Oliveira, de 39 anos de idade, foi diagnosticada com câncer de mama no terceiro mês gestacional. “No início, quando recebi o diagnóstico, fiquei muito apreensiva. Parece que a palavra câncer está atrelada ao estima de morte. Mas sempre fui muito positiva e tenho muita fé em Deus. E depois que colocamos em prática o tratamento contra a doença, fiquei mais tranquila. Mas o que realmente me deixou em paz, foi ver minha filha nascer saudável”, diz.
Jaqueline conta que apesar do medo, os médicos que a diagnosticaram com a doença, a deixaram muito segura com relação ao tratamento, que consistiu em quatro sessões de quimioterapia durante a gestação, e mais dezesseis após o parto. “Hoje minha filha Giovanna está com cinco meses de vida. Encerramos as sessões de quimioterapia e estamos aguardando marcarem a data para que eu me submeta a mastectómica”, conta Jaqueline.
Diagnóstico e tratamento
Segundo a oncologista, alterações hormonais durante a gestação deixam as mamas maiores, com a parte interna granulada e mais sensível. E isso pode afetar o diagnóstico, já é mais difícil que a própria paciente ou o médico notem um nódulo causado pelo câncer até que esteja grande o suficiente para ser notado.
“Infelizmente muitas mulheres deixam para fazer a prevenção do câncer de mama, por meio da mamografia, só depois do parto. Isso retarda o processo de tratamento, já que seria possível um diagnóstico em estágio inicial na gravidez. E como a gravidez e a amamentação podem tornar o tecido mamário mais denso, pode ser mais difícil visualizar o câncer precocemente na mamografia”, alerta Ludmila.
De acordo com Ludmila Thommen, o tratamento aplicado ao câncer de mama não difere em pacientes gestantes. Ou seja, pacientes grávidas com indicação podem realizar a mamografia desde que seja usada a proteção abdominal com um colete de chumbo, pois a quantidade de radiação necessária para a realização do exame é pequena e focada nas mamas. Fora isso, outro procedimento aplicado para a conclusão do diagnóstico, é a biópsia mamária. E elas frequentemente são feitas com agulha, com anestesia local e provoca pouco risco ao feto.
Com relação a radioterapia, a oncologista conta que os efeitos do tratamento podem ser altamente prejudiciais ao bebê já que os tecidos fetais são altamente sensíveis à radiação. Portanto, o tratamento só é indicado após o parto. Já no processo de quimioterapia, vários estudos médicos afirmam que a aplicação de determinados medicamentos durante o segundo e terceiro trimestre de gestação são bastante seguros.
“Mesmo mulheres grávidas que têm câncer de mama e recebem o tratamento, concebem bebês saudáveis e continuam vivendo a vida de forma saudável”, explica. Entretendo, a médica alerta que tudo depende da rapidez do diagnóstico e seu prognóstico.