Apicultor manuseia caixa de abelha; Emater-DF tem 132 produtores registrados – Foto: André Borges/Agência Brasília
O extensionista rural da Emater-DF Névio Guimarães desenvolveu uma técnica inédita para divisão de enxames de abelhas em pequenas propriedades. No método tradicional, quando o apicultor quer fazer uma nova colmeia, ele deve colocar a nova caixa de abelha a 1,5 quilômetro da caixa original. Pela técnica desenvolvida por Guimarães, uma caixa pode ficar ao lado da outra sem que os enxames se misturem.
Na apicultura, é importante que o produtor faça a divisão do enxame para aumentar a população do apiário quando uma caixa cresce muito. Com isso, ele evita a perda de abelhas caso elas decidam dividir-se naturalmente.
Como as propriedades rurais do DF se caracterizam em sua maioria por áreas pequenas, a técnica pode ser aplicada por qualquer produtor. “Em propriedades rurais de 1 ou 2 hectares, por exemplo, o pouco espaço pode dificultar a divisão de caixas pelo método mais tradicional”, afirma Guimarães.
Como funciona
Ao realizar a divisão do enxame, deve-se repartir igualmente o número de quadros contendo favos de cria e alimento nas duas colmeias. A colônia que ficar sem rainha vai receber maior número de crias de três dias, que serão necessárias para a formação de uma nova rainha.
A nova caixa pode ficar a 50 centímetros de distância da antiga. Nela são colocados um alimentador e água, em garrafas, para que as abelhas fiquem 48 horas presas na caixa, que deve ser coberta com algo que a escureça.
“Após essas 48 horas, as abelhas vão perder o feromônio e a localização da antiga caixa. Assim, a nova caixa é aberta e as abelhas não se misturarão mais. Depois de 21 dias, vai nascer uma princesa, que vai voar, fecundar e voltar como uma nova rainha”, explica o extensionista. Dessa maneira, com qualquer tamanho de propriedade é possível separar o enxame e aumentar a produção.
A apicultura
No Distrito Federal, há 132 apicultores cadastrados na Emater-DF, que em 2020 produziram 21,9 toneladas de mel, além de derivados como o própolis, cera e pólen.
A atividade tem sido aliada das práticas agrícolas, trazendo benefícios aos produtores e ao meio ambiente. Enquanto as abelhas colhem o néctar e o pólen necessários para se alimentarem e produzirem mel, a agricultura se beneficia da polinização, que amplia a produtividade e garante frutos de mais qualidade e, consequentemente, maior valor de mercado.
As abelhas com ferrão fazem enxames de 70 mil a 90 mil indivíduos, em média, e produzem de 30 kg a 40 kg de mel por caixa por ano em apiários fixos.
Para criar abelhas é fundamental conhecer o inseto. O produtor não pode ser alérgico ao veneno e precisa montar o local de cultura a uma distância de 300 metros a 500 metros de residências, de locais com animais domésticos e de estradas.
“Buscar toda e qualquer informação é fundamental. Livros, revistas, pesquisas científicas, sites na internet darão uma visão inicial. Deve-se procurar outros apicultores, informar-se, saber da atividade, conhecer apiários já instalados, certificar-se de como são apiários já em produção e como os apicultores lidam com seus apiários. Essas visitas vão ajudar a sanar dezenas de dúvidas para o iniciante na atividade”, explica o também extensionista da Emater-DF Carlos Morais.
A Emater-DF pode contribuir com a assistência técnica e no contato com demais produtores da região. Interessados devem procurar qualquer escritório da empresa (veja aqui os endereços) e também baixar publicações gratuitamente na Biblioteca Digital da Emater-DF sobre este e outros assuntos (acesse aqui a página).
Além dos produtos provenientes das abelhas, a apicultura gera emprego na fabricação de caixas, vestimentas, utensílios para o manejo na criação, equipamentos industriais para processamento, embalagem, transporte e comercialização dos mais variados produtos. “O mel e seus derivados fazem parte de uma extensa cadeia produtiva. Os produtos são utilizados para alimentação, estética, para fabricação de medicamentos, entre outros”, diz Morais.