Resultado de uma cooperação trilateral, a missão visa desenvolver a agricultura familiar do país africano por meio de um sistema pluralístico de Ater
Dirigentes do Ministério da Agricultura da Etiópia, acompanhados de representantes da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Escritório de Cooperação Técnica Internacional da Alemanha (GIZ), conheceram o trabalho de assistência técnica e extensão rural (Ater) desenvolvido pela Emater-DF junto aos produtores rurais do DF. A missão, que aconteceu nos dias 22 e 23 de novembro, faz parte de uma cooperação trilateral entre Etiópia, Brasil e Alemanha para desenvolver a agricultura familiar do país africano por meio de um sistema pluralístico de Ater, que possibilite o aumento da produtividade e o rendimento familiar no território etíope.
Durante a primeira etapa da visita à Emater-DF, extensionistas apresentaram o panorama do trabalho realizado pela empresa e detalharam o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa Alimenta Brasil. Além disso, a delegação visitou o escritório local da empresa no Paranoá e a propriedade rural dos produtores Marylene Cardoso da Silva Pereira e
Raimundo Nonato Pereira especializada em produção orgânica de frutíferas e hortaliças. Durante a recepção da comitiva, o chefe de Gabinete Cleison Duval destacou a importância da Etiópia ter um programa de extensão rural forte para garantir a segurança alimentar no país.
“Assim como é o caso da Etiópia, o Brasil e, em especial o Distrito Federal, tem fortalecido estrategicamente o trabalho de extensão rural e assistência técnica. Dessa forma, essa cooperação é uma oportunidade para a troca de informações e experiências sobre os programas implementados e formas de atuação junto aos produtores rurais. Sem extensão rural não há produção de alimentos”, frisou Cleison Duval.
A diretora executiva de Extensão Rural do Ministério da Agricultura da Etiópia, Yenenesh bezabih, disse, após conhecer a propriedade rural, que, no tocante à agricultura familiar, os produtores etíopes são organizados em grupos de desenvolvimento mas sem a efetividade da realidade brasileira, apesar de haver, como no Brasil, a oferta de extensão rural pública. Por essa razão, deseja que a parceria entre os dois países aconteça de forma contínua para a implementação efetiva do modelo brasileiro em seu país.
“O Brasil tem um arranjo institucional diferente no apoio à extensão e à agricultura, não temos empresas como a Emater e Embrapa. Existem várias organizações trabalhando juntas para dar apoio aos produtores rurais. Por exemplo, no Brasil estima-se haver 11 mil extensionistas e na Etiópia há 60 mil, no entanto, eles não exercem um trabalho tão efetivo quanto aqui e precisamos aprender com o Brasil essa forma de trabalhar, que é feito com muito comprometimento. Nós precisamos aprender sobre agricultura orgânica, sobre o apoio e o conhecimento especializado e levar isso para a Etiópia. Outra coisa que viemos aprender é sobre o marco jurídico, sobre as políticas, as leis e diretrizes de implementação”, declarou Yenenesh bezabih.
A missão ao Brasil compõe a segunda fase do projeto de cooperação trilateral, que é composto por três etapas: diagnóstico, missão de especialistas ao Brasil e estudos e implementação de pilotos em quatro regiões da Etiópia. A comitiva O Na primeira delas, que aconteceu nos dias 24 de junho a 2 de julho, foi feito o desenvolvimento de uma linha de base para o diagnóstico de quatro regiões para implementação de pilotos em ações de Ater, sistemas produtivos, dentre outros. Além disso, técnicos brasileiros foram à Etiópia para conhecer os resultados preliminares da linha de base, bem como conhecer a realidade local.
O representante do Mapa, Rodrigo Ferraz, explicou que a cooperação trilateral tem o objetivo de mostrar a experiência de assistência técnica e extensão rural brasileira, que tem um modelo plural, feita por diversos atores e apontar para a delegação etíope como pode ser implementada no país africano.
“O modelo de extensão etíope é basicamente dominado pelo setor público e eles desejam um formato plural, com participação do setor privado, startups, cooperativas, ao mesmo tempo com a introdução de práticas de ater digital. Dessa forma, sairemos de Brasília rumo a Santa Catarina para eles conhecerem o trabalho da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) e de algumas startups da região. Em seguida, o grupo seguirá para Mossoró (RN) visando entender como algumas universidades, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apoiam a extensão rural”, explicou.
Rodrigo também destacou que a cooperação trilateral beneficiará agricultores familiares da Etiópia por meio do fornecimento de um melhor serviço de Ater de modo que possibilite o aumento da produtividade e o rendimento das famílias produtoras. A iniciativa também dá ênfase às mulheres agricultoras, oferecendo treinamentos e workshops especiais baseados na abordagem de múltiplas partes interessadas.