segunda-feira, 7 abril, 2025
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    É verdade, mas é mentira

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    Marcos Machado

    Vivemos em tempos de ilusão fabricada, onde a verdade não é mais um compromisso, mas uma ferramenta maleável nas mãos daqueles que dominam os fluxos da informação. A modernidade, com seu ar de sofisticação intelectual, tornou-se um vasto circo de malabarismos discursivos, no qual a mentira é transformada em verdade não pela falsidade do dado, mas pela manipulação de sua relevância.

    Tomemos como exemplo o discurso econômico propagado pelos grandes jornais e pelos burocratas do poder. Alardeou-se, com pompa e grandiosidade, que milhares de empregos foram criados em um determinado período, o que é verdade mas, o que se omite? O que não se diz é que, simultaneamente, o desemprego aumentou em uma proporção ainda maior. A notícia sobre a criação de empregos é real, mas sua utilidade está em encobrir um fato mais grave: a destruição da segurança econômica da população.

    Essa tática, longe de ser uma mera coincidência, é um mecanismo de domínio narrativo. A esquerda, ao longo das décadas, refinou essa estratégia de tal maneira que a própria noção de realidade foi dissolvida em um mar de falsificações sutis. Não se mente diretamente, porque a mentira frontal pode ser desmentida. Em vez disso, fragmenta-se a verdade, divide-se a percepção dos fatos e se reorienta o olhar do público para aquilo que convém ao projeto de poder.

    A sociedade passa a viver em um estado de sonambulismo coletivo, onde aceita a mentira    verdadeira sem contestar

    A população comum, destituída de ferramentas analíticas adequadas, passa a operar sob um regime de percepção controlada. Sente a crise no bolso, mas é bombardeada com números que supostamente provam o contrário. Enfrenta a deterioração de sua qualidade de vida, mas é levada a acreditar que as coisas estão melhorando. O pensamento é moldado para que a própria evidência empírica de sua existência seja questionada.

    Essa inversão de percepção não é apenas um problema político, mas um problema moral. Ela destrói a capacidade humana de reconhecer a verdade e, portanto, de agir com base nela. A sociedade passa a viver em um estado de sonambulismo coletivo, onde aceita a mentira verdadeira sem contestar. Enquanto isso, os engenheiros da manipulação seguem intocáveis, rindo da ingenuidade das massas que engolem a farsa com gosto.

    Só há saída com uma revolta intelectual. Uma tomada de consciência, que devolva à verdade o seu lugar de direito. Isso exige coragem, porque o preço da verdade é o ostracismo, a perseguição e o escárnio. Sem essa luta, restará apenas a escravidão mental de um povo que acredita na mentira porque ela foi convenientemente apresentada como verdade, apesar de ser verdade, mas é engodo.

    Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, analista sensorial, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira

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