Nutricionista do CEUB explica como esse nutriente essencial atua no equilíbrio emocional, na memória e na saúde cardiovascular
O mesmo nutriente que protege o coração pode ajudar a mente a encontrar equilíbrio. Pesquisas mostram que o ômega-3, presente em peixes, sementes e suplementos, tem efeitos diretos sobre o humor, a memória e a saúde cardiovascular. Além de melhorar a comunicação entre as células cerebrais, ele auxilia na produção de neurotransmissores ligados ao bem-estar e reduz inflamações que afetam o organismo como um todo. Camila Lima, professora do curso de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (CEUB), revela que quando o corpo está bem nutrido, a mente responde de forma mais positiva.
De acordo com a especialista, o ômega-3 é uma gordura poli-insaturada essencial, ou seja, o corpo não é capaz de produzi-la e depende da alimentação para obtê-la. A ciência mostra que ele atua como uma verdadeira ponte entre corpo e mente: contribui para o desenvolvimento cognitivo, melhora o aprendizado, fortalece o sistema cardiovascular e ajuda a controlar processos inflamatórios.
São três os principais tipos de ácidos graxos que compõem o ômega-3: o ALA (ácido alfa-linolênico) é encontrado principalmente em fontes vegetais, como linhaça, chia e nozes, e funciona como uma matéria-prima e o corpo o converte parcialmente em EPA e DHA, embora essa conversão seja limitada. Já o EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosa-hexaenoico), explica a docente, são abundantes em peixes de águas frias e representam os grandes responsáveis pelos efeitos terapêuticos do ômega-3. “Um atua na mente, o outro no coração. Juntos, eles sustentam o equilíbrio físico e emocional”, resume Camila.
Diversos estudos associam o consumo regular de ômega-3 à melhora do humor e à redução dos sintomas de depressão. Segundo a nutricionista, isso ocorre porque ele participa da formação das membranas neuronais e estimula a produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina, substâncias diretamente ligadas ao prazer e à motivação. “Há uma relação muito clara entre nutrição e saúde mental. O ômega-3 é um importante aliado no tratamento e na prevenção de distúrbios emocionais”, explica a docente do CEUB.
Os benefícios do ômega-3 também se estendem ao sistema cardiovascular. Ele reduz os níveis de triglicerídeos, melhora a elasticidade das artérias e auxilia no controle da pressão arterial, além de diminuir processos inflamatórios que podem levar ao entupimento dos vasos sanguíneos. “Essa combinação reduz significativamente o risco de doenças cardíacas, uma das principais causas de morte no mundo. O ômega-3 ainda pode atuar como coadjuvante no tratamento de doenças inflamatórias, como artrite reumatoide e lúpus”.
Como suplementar o ômega-3
Embora o nutriente possa ser obtido pela alimentação, nem sempre é fácil atingir as quantidades ideais apenas com os alimentos. “Com o padrão alimentar atual, é difícil alcançar as doses recomendadas. As principais fontes são peixes gordurosos, como salmão, sardinha, atum, cavala e truta, que deveriam ser consumidos de uma a três vezes por semana. Também há boas opções vegetais, mas a conversão delas em ácidos ativos é limitada”, explica Camila Lima.
Nesses casos, a suplementação é uma alternativa eficaz, especialmente para gestantes, pessoas com doenças cardiovasculares, processos inflamatórios, autoimunes ou sintomas de depressão e ansiedade. “Não existe uma quantidade padrão para todos. A dose é individualizada. O acompanhamento profissional é essencial para determinar a real necessidade e evitar excessos”, reforça a docente do CEUB.
Cuidados e qualidade
Para quem faz uso do suplemento, a especialista recomenda que ele seja consumido junto das refeições, preferencialmente com outras fontes de gordura boa, o que facilita a absorção. Ela também alerta para a importância de observar a qualidade do produto. “O consumidor deve verificar se o óleo é purificado, se há certificação que comprove a ausência de metais pesados e se o rótulo informa boas proporções dos ácidos graxos”, orienta a professora do CEUB.
De modo geral, o ômega-3 é bem tolerado, mas o uso prolongado sem acompanhamento pode causar desconfortos gastrointestinais leves ou aumentar o risco de sangramentos em pessoas que utilizam anticoagulantes. “O ômega-3 é uma gordura essencial, e como toda gordura, precisa estar em equilíbrio. O segredo é o acompanhamento, só assim conseguimos aproveitar o que ele tem de melhor”, conclui a nutricionista.





