Michelly Ornelas de Matos e Francisco Jorge de Almeida são produtores no Assentamento 15 de Agosto
A possibilidade de oferecer alimentos sem agrotóxicos e de ter o comércio mais valorizado motivou o casal Francisco Jorge de Almeida, de 24 anos, e Michelly Ornelas de Matos, de 31, a deixar o modelo convencional de plantio e optar pelo cultivo orgânico. Assim como outros 16 produtores do Assentamento 15 de Agosto, em São Sebastião, eles participaram, durante um ano, de atividades no processo de produção. Foram 15 encontros — entre oficinas, palestras e visitas técnicas — realizados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF).
Sob a supervisão de extensionistas, os trabalhadores rurais aprenderam sobre compostagem e bokashi (técnicas para enriquecimento do solo) e produção de caudas (método para controlar pragas e insetos), entre outras práticas. “Abordamos também questões referentes à legislação específica para que eles obedeçam rigorosamente ao modo de cultivo”, explica a extensionista Lilian Jardim.
Declaração No dia 12/04, as 17 famílias receberam a declaração de Organização de Controle Social — documento concedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que os reconhece como produtores orgânicos. Agora, eles podem classificar seus alimentos como provenientes dessa agricultura no momento de vendê-los ao consumidor.
É o sétimo grupo devidamente documentado no Distrito Federal. Dentro de um mês, mais 20 agricultores do assentamento em São Sebastião iniciarão as oficinas técnicas da Emater.
“O DF tem 198 produtores cadastrados e isso representa 2% de todas as propriedades produtivas”, informa o coordenador de Agroecologia e Produção Orgânica da Emater, Roberto Carneiro. “Temos um programa de longo prazo para a transição no cultivo e outro de incentivo para quem está na fase inicial”, explica. “Nosso objetivo é atingir 3,6 mil agricultores orgânicos até 2018.”
Responsável por entregar as declarações aos agricultores, o fiscal do ministério Claudemir Roberto Sanches enfatiza que eles obedecem a uma série de determinações para serem reconhecidos como produtores orgânicos. Mais especificamente à Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003 e ao Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007, que regem esse tipo de produção. “Eles assumem o compromisso de ofertar produtos de qualidade à população, e o ministério vai fiscalizar se isso ocorrerá de fato”, afirma Sanches.
Batata-doce
Com 54 famílias distribuídas em 400,8 hectares, o Assentamento 15 de Agosto existe desde dezembro de 2013, fruto de acampamento destinado à reforma agrária. Cada propriedade cultiva de mil a 5 mil metros quadrados de orgânicos, incluindo banana, abóbora, batata-doce, brócolis, cenoura e beterraba.
De acordo com diretora de Assentamentos Rurais da Secretaria da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Viviane Anjos, a iniciativa da Emater é aberta a todos no local, mas algumas famílias trabalham com a criação de animais, o que não se enquadra no público da projeto da empresa pública.
Emater celebra 38 anos com entrega de veículos e homenagens
No dia 07/04, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) celebrou 38 anos de atividades com homenagens aos empregados e entrega de sete veículos, adquiridos por meio de convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
A comemoração reuniu empregados e representantes de instituições parceiras no edifício sede da empresa. Entre as instituições presentes estavam o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Secretaria de Agricultura (Seagri), a Ceasa e a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
Segundo o presidente da Emater-DF, Argileu Martins, a Emater é um “corpo” que depende de cada empregado para funcionar. “O que seria do abastecimento do DF e da população sem a Emater? De onde viriam os alimentos? Haveria empregos no meio rural? Teríamos ainda área rural no DF? Os mais de 70 países que já nos visitaram teriam experiências de políticas públicas para conhecer?”, indagou Argileu. “Se continuarmos trabalhando e produzindo resultados, seremos cada vez mais fortes, acompanhando, claro, a dinâmica da sociedade e aquilo que está sendo demandado de nós”, falou.
“Ver esta empresa fazer 38 anos, dos quais participo há 30, traz muita felicidade. Essa cidade deve muito à Emater e temos que erguer a cabeça e trabalhar, mostrando a cada dia nosso valor”, falou o secretário de Agricultura em exercício, Sebastião Márcio de Andrade.
Representando o MDA, Hur Ben Correa da Silva acredita que não existe no mundo uma Emater igual a do Distrito Federal e a considera um patrimônio da extensão rural. “No Ministério, estamos firmes no propósito de fortalecer a extensão rural”.
O presidente da Ceasa e produtor rural, José Deval, destacou a confiança que os extensionistas têm no campo e o trabalho conjunto entre as instituições. “Quando um técnico muda de escritório, sentimos que foi embora um amigo, pela convivência e confiança no trazem para o trabalhador no campo. Fico feliz de ver que há servidores da Secretaria e Emater lotados na Ceasa. Isso mostra que estamos trabalhando juntos para o produtor”, disse.
Representando os empregados, o presidente da Associação de Servidores da Emater (Asser), Cleison Duval, acredita que “a empresa está firme e forte por causa dos seus empregados. Temos que continuar firmes com nosso propósito, que é isso que vai nos manter por mais 38 anos”, falou.
O secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Joe Valle, valorizou o conhecimento dos empregados mais antigos e agradeceu a todos pelos serviços prestados à população.
O evento foi finalizado com o plantio de 38 mudas de Ipês amarelos em frente à empresa e entrega dos sete automóveis, que vão reforçar o trabalho dos escritórios da Emater no Gama, Ceilândia, PAD-DF, Rio Preto, Pipiripau, Tabatinga e São Sebastião.