Como o escrete da Lava Jato, de mudança da capital paranaense para Brasília, irá auxiliar o futuro ministro da Justiça Sergio Moro no combate aos corruptos
Germano Oliveira – ISTOÉ
Como nos famosos contos do britânico Arthur Conan Doyle sobre o mais famoso detetive da humanidade, Sherlock Holmes, o ex-juiz Sergio Moro começa a compor sua equipe de assessores diretos. Nesta semana, convocou para os cargos mais estratégicos policiais que se destacaram na mais profunda operação contra a corrupção no Brasil, a Lava Jato. Em comum entre eles, o perfil de eficientes investigadores, semelhantes aos do parceiro do Dr. Watson, assistente do policial londrino que desvendava crimes insolúveis. No total, Sergio Moro indicou para o trabalho de combate aos malfeitos cinco investigadores da chamada “República de Curitiba”, que o auxiliaram na deflagração da Lava Jato e na prisão dos principais corruptos brasileiros.
Combate ao crime
A mais importante decisão de todas até aqui foi a escolha do delegado Maurício Valeixo, para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Atual superintendente da PF no Paraná, Valeixo coordenou a prisão de Lula no dia 7 de abril no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, levando-o para Curitiba, e foi responsável pela delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci.
“Valeixo vai assumir a PF com a missão de combater o crime organizado e a corrupção no Brasil”, disse Moro na terça-feira 20, ao anunciar os nomes dos auxiliares para atuarem como seus Sherlocks Holmes. Além dele, Moro nomeou a delegada Érika Marena para o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), que vai ter a missão de repatriar o dinheiro do crime organizado que foi parar no exterior, escondido em paraísos fiscais. Ela é polêmica. Além de ter dado o nome à Lava Jato quando investigava um posto de gasolina que lavava veículos em Brasília, Marena foi responsável pela Operação Ouvidos Moucos que investigou desvios de recursos públicos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e chegou a prender o ex-reitor da entidade Luiz Cancellier. Nada se comprovou contra ele, que se suicidou em meio às investigações. Ao comentar o fato, Moro lamentou a morte do reitor, dizendo que “foi uma tragédia”, mas que a delegada “não teve responsabilidade quanto à sua morte”.
Moro levou ainda para sua equipe de transição o delegado Rosalvo Franco Ferreira, ex-superintendente da PF em Curitiba, o policial federal Marcos Koren, ex-chefe de comunicação da PF do Paraná e sua secretária particular Flávia Blanco, que será sua chefe da gabinete no Ministério. O delegado Márcio Anselmo, também da Lava Jato e que está na PF no Espirito Santo, é outro da lista dos Sherlocks de Moro. Isso sem contar Deltan Dallagnol, da Procuradoria da República de Curitiba, que Moro deve indicar para a Procuradoria-Geral da República em meados do ano que vem, para substituir Raquel Dodge. Com ele, a República de Curitiba estará completa.