terça-feira, 26 novembro, 2024
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    Café produzido no Lago Norte é tipificado como Gourmet

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    Produtor rural Reynaldo Barros segura embalagem do Café Du Rey, tipificado como Gourmet. Fotos: Ana Nascimento/Emater-DF

    O Café Du Rey, produzido no Núcleo Rural Capoeira do Bálsamo, Lago Norte, recebeu a tipificação de Café Gourmet em pesquisa realizada pelo Núcleo Global de Análise e Pesquisa (Nugap), no dia 20 de junho. No estudo realizado, a percepção conjunta dos atributos da bebida, como aroma, grau de intensidade, sabor e fragrância, quantificou a Qualidade Global (QG) do grão com a nota 8.9, que o classifica como um produto de alta qualidade. Ainda de acordo com a análise, o Café Du Rey, tipo arábica, foi avaliado como estritamente mole, ou seja, baixa adstringência e alto teor de açúcar.

    O produtor rural e proprietário da marca, Reynaldo Barros, é atendido pelo escritório da Emater-DF do Paranoá desde 2009, quando adquiriu a propriedade de nove hectares. Para o produtor, chegar a esse resultado tem sido uma grata surpresa, mesmo sabendo que é resultado de muito trabalho. “A minha propriedade tem vantagens muito específicas para a produção de café, como a altitude de 1100 metros acima do nível do mar. Mas foi necessário errar para aprender, adquirir conhecimento por meio da assistência técnica tanto da Emater-DF quanto do Senar, assim como, das pesquisas e estudos da Embrapa. Esse caminho de sucesso não foi feito sozinho”, avaliou.

    Dentre as orientações de assistência técnica e extensão rural (Ater) que elevaram a qualidade da produção do Café Du Rey, destacam-se, dentre outras medidas, o uso de defensivos biológicos, a prevenção contra o ataque de brocas por meio de varredura em cada pé e a indução ao estresse hídrico, um método de uniformização da florada que corta a água na plantação entre os meses de julho a setembro.

    Segundo o agrônomo e extensionista rural da Emater-DF João Ricardo Ramos Soares, “a técnica do estresse hídrico otimiza o processo de maturação para se ter maior rendimento de frutos desejáveis na hora da colheita”.

    Com ajuda da Emater-DF, Reynaldo Barros está estudando alternativas para agregar mais valor ao produto e uma das alternativas é a introdução do cultivo orgânico em uma parte da área plantada. O agrônomo Marcelo Ruas e Souza, também do escritório da Emater no Paranoá que atende a propriedade, avalia que a transição para o cultivo orgânico precisa ser avaliada com muito critério.

    “Os custos com a adubação e defensivos orgânicos aumentam muito em relação ao cultivo tradicional, além de todas as adequações determinadas pela legislação que dispõe sobre o cultivo orgânico. Dessa forma, é preciso estudar a viabilidade econômica e é nossa função prestar todas as informações pertinentes dessa transição, além disso, toda a documentação para a certificação orgânica é feita pela Emater-DF”, informou.

    De toda a área da propriedade de Reynaldo Barros, 3,5 hectares são utilizados somente para o cultivo de café, que produz anualmente em torno de 120 a 160 sacas. Essa produção gera quatro empregos diretos, entre plantação, colheita, secagem e trato da cultura.

    Histórico

    Ex-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) do Rio de Janeiro, Reynaldo Barros (68), assim que comprou a propriedade decidiu iniciar o cultivo de uma cultura que fosse perene. A escolha pelo café aconteceu após conversas com extensionistas da Emater-DF e com pesquisadores da Universidade de Brasília e Embrapa.

    O sucesso da propriedade veio com o tempo. Foi necessário investir na infraestrutura da propriedade, construindo o poço artesiano autorizado pela Adasa para abastecer o sistema de irrigação. Em seguida, a escolha pelos cultivares IPR 103 e Iapar 59, variações do tipo arábica. As mudas foram adquiridas no Viveiro Sacumã, em Unaí (GO), e em 2011 começou a plantação, com a primeira colheita em 2013 e, em seguida, registrou o Café du Rey.

    A partir de orientações da Emater-DF e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Reynaldo foi experimentando novas formas de plantio, como o sombreado. “Acho fundamental a orientação da Emater-DF nesses aspectos porque a gente pensa que pode caminhar sem a assistência técnica, mas não pode não. Para se ter um bom café é preciso ter um bom plantio, um bom trato da cultura, observando a nutrição e irrigação na quantidade certa. E essas decisões passam pela orientação técnica”, observou.

    Café Gourmet

    As orientações técnicas deram certo. Com uma produção anual de 120 a 160 sacas de café em 2021, que deve se repetir em 2022, o Café du Rey foi classificado como Café Gourmet, com pontuação em 8.9. Café Gourmet é uma categoria de classificação de café torrado e moído criado no Programa de Qualidade do Café da Associação Brasileira da Indústria do Café (PQC/ABIC), lançado no final de 2004.

    A categoria é definida pela nota final de 0 a 10, sendo: Tradicional, nota igual ou maior a 4,5 e inferior a 6; Superior, nota igual ou maior a 6 e até 7,2; e Gourmet, nota igual ou superior a 7,3 e até 10. O café Gourmet de alta qualidade e avaliado como bebida estritamente mole, isso significa que o grão possui grande concentração de açúcar e baixo nível de adstringência, cujos sabor e aroma são mais suaves, e que houve uma seleção dos grãos e torra controlada.

    Reynaldo Barros vende o café já beneficiado, torrado e moído, e, por meio de sugestão da gerente do escritório da Emater-DF no Paranoá, Karina Miranda, iniciou uma conversação para fornecer a bebida para empresas que compram café especiais.

    “Sendo um café especial, a gente tenta trabalhar para que ele consiga inserir o produto dele num local que valorize essa qualidade como um café artesanal e café gourmet, assim, identificamos uma cafeteria na Asa Norte, que vende a ideia do café local e de valorização da economia local.  Então, sugerimos o contato com locais onde o Café Du Rey venha a ter esse reconhecimento de qualidade, inclusive por parte do consumidor”, observou Karina Miranda.

    Ainda segundo a gerente, a missão da Emater-DF para além do trabalho de Ater passa também por aspectos como a comercialização do produto, sustentabilidade da produção e qualidade de vida da família rural.

     

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