A mais recente pesquisa da Paraná Pesquisas, divulgada nesta semana, confirma um cenário de desgaste crescente do governo Lula da Silva. O levantamento, realizado de 6 a 10 de novembro de 2025, mostra que 50,9% dos brasileiros desaprovam a administração federal, enquanto apenas 45,9% ainda declaram algum grau de aprovação. Embora a diferença de cerca de cinco pontos percentuais possa parecer modesta, o dado consolida uma tendência de queda gradual e contínua na confiança do eleitorado em relação ao governo.
Em comparação com a pesquisa anterior, feita no fim de outubro, o número de brasileiros que consideravam a gestão positiva caiu de 47,9% para 45,9%, enquanto a desaprovação subiu de 49,2% para 50,9%. Trata-se de um movimento que reflete o crescente sentimento de frustração com as promessas não cumpridas e com a falta de respostas efetivas para os principais problemas do país.
A economia segue sendo o ponto mais sensível. O custo de vida elevado, a estagnação do emprego formal e a alta dos alimentos corroem a renda das famílias e acentuam a insatisfação da classe média e da população de baixa renda; justamente as faixas que, em grande parte, teriam garantido a vitória de Lula nas urnas. Muitos eleitores que apostaram na recuperação econômica e no retorno de políticas sociais mais robustas agora se dizem decepcionados com os rumos do governo, que parece distante das demandas reais do povo.
Segundo o instituto, apenas 32,1% dos entrevistados consideram a gestão “ótima” ou “boa”, enquanto 43,3% a classificam como “ruim” ou “péssima”. O contraste mostra que a imagem do presidente começa a se confundir com a do próprio governo, e isso tem ampliado o desgaste pessoal de Lula, sobretudo nas regiões Sul e Centro-Oeste, onde a rejeição é mais acentuada. Mesmo no Nordeste, reduto tradicional de apoio petista, os índices de aprovação recuaram.
Frustração
A pesquisa também aponta para uma percepção crescente de distanciamento entre o discurso de campanha e a prática administrativa. As promessas de pacificação política, crescimento sustentável e combate à fome não se concretizaram, e a insistência em pautas ideológicas tem provocado ruídos com o Congresso e o setor produtivo. Para muitos analistas, o governo se vê acuado entre a necessidade de agradar à base mais fiel e a urgência de adotar medidas impopulares que possam equilibrar as contas públicas.
O que se observa é um enfraquecimento da autoridade presidencial e um aumento da desconfiança social. As expectativas positivas que marcaram o início do mandato parecem ter dado lugar a um ceticismo silencioso, mas crescente. A pesquisa da Paraná Pesquisas não apenas mede números, mas traduz um sentimento: o de que a paciência do eleitorado com o governo se esgotou.
Se essa tendência se mantiver, Lula terá de lidar com um quadro político cada vez mais adverso, não apenas por conta da oposição, mas pelo desapontamento de seu eleitorado.




