Aproximadamente 20 produtores de Sobradinho participaram do curso de meliponicultura promovido pela Emater-DF no Núcleo Rural Catingueiro. O curso abordou quais são as características favoráveis para criação e manejo de abelhas com base na região, que tem grande potencial para a criação.
Na propriedade do apicultor e meliponicultor Florisvaldo Floriano, cerca de nove espécies de abelhas sem ferrão, das quais ele tem colmeias, são de incidência natural da região. Todas colonizaram naturalmente as iscas que ele instalou em sua propriedade e nos arredores. Segundo os técnicos da Emater-DF Fábio Roberto Costa e Edilson Amaral, que ministraram o curso, a região é propícia para a criação de abelhas.
Durante a excursão pela chácara do produtor Florisvaldo Floriano, onde o curso foi ministrado, foi possível observar também a incidência de espécies de abelhas que ele não tem interesse em manejar. “Algumas são de difícil manejo e pouca produção, então não vale a pena criar”, explica o técnico da Emater-DF Fábio Costa. No total, já foram identificadas mais de 12 espécies de abelhas na propriedade. Também foi possível observar situações atípicas como uma colmeia colonizada por duas espécies diferentes de abelhas e um cupinzeiro em que as abelhas vivem em simbiose, com cupins e formigas.
“É muito interessante ver como as abelhas se comportam na natureza e, aqui, eu quero reproduzir o ambiente que elas habitam”, explica Floriano. Entre as espécies criadas pelo produtor estão a popular Jataí (Tetragonisca angustula), Mandaguari (Scaptotrigona depilis), Canudo (Scaptotrigona depilis), Benjoi (Scaptotrigona polysticta) e Uruçu-amarela (Melipona rufiventris), entre outras.
Para o produtor Giovanni Araujo, um dos participantes do curso, a experiência foi proveitosa. “Foi muito bom observar quais abelhas podem ficar próximas, o tipo de instalação feito para as abelhas e também que é possível aproveitar um espaço íngreme como esse na propriedade para criar melíponas”, disse Giovanni. “Foi excelente essa troca de conhecimento e ver a variedade de espécies de abelhas que a gente tem aqui no Cerrado”, completou.
Tipos de abelhas sem-ferrão
Durante o curso, o médico-veterinário Edilson Amaral explicou que as abelhas sem ferrão se dividem em dois grandes grupos: as meliponas e as trigonas. Elas se diferenciam principalmente pela formação da rainha e das células reais na colmeia. Segundo o técnico da Emater, também é possível diferenciar pelo tamanho. As trigonas costumam ser menores e as meliponas abelhas maiores.
Outra curiosidade é que, ao contrário do que o nome sugere, elas possuem ferrão, porém ele é atrofiado e não tem função principal de defesa. “A gente não diz que elas atacam, porque além de não machucar, se você não ameaçar as abelhas, elas não vão em cima de você, por isso dizemos que elas são defensivas”, explica o técnico da Emater.
No entanto, os técnicos da Emater recomendam o uso de proteção para que as abelhas não entrem no ouvido, além de existir algumas espécies que podem liberar substâncias que irritam a pele para se defender, como a espécie chamada Caga-fogo (Oxytrigona Tataíra).