Oncologista brasiliense fala sobre a importância da atividade física de pacientes em tratamento e no resgate da autoestima
A disseminação de estudos com informações sobre a importância de alinhar exercício físico e tratamento de câncer vêm se multiplicando no Brasil. O lado bom disso, é que essas informações têm mudado a cara do tratamento da doença no país. De acordo com pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em parceria com a Universidade de Harvard, Universidade de Cambridge e Universidade de Queensland, cerca de 10 mil novos casos de câncer, entre eles o de mama e o de cólon, poderiam ser evitados no Brasil se houvesse mais adesão à prática da atividade física entre a população.
Ademais, a prática de atividade física alinhada à alimentação saudável, realizada dentro dos limites de cada pessoa, resgata não somente a confiança do paciente no tratamento, mas também a autoestima. No Distrito Federal, a Médica Oncologista Ludmila Thommen, ressalta que além dos benefícios no tratamento da doença, a atividade física libera serotonina, que aumenta a sensação de bem-estar.
“Hoje em dia, o paciente em tratamento, tem livre acesso aos vários estudos existentes que refletem sobre a atividade tanto na prevenção como no aumento na tolerância à quimioterapia e a redução do risco de recidiva em vários tipos de câncer”, conta Ludmila. De acordo com a oncologista, não há restrições à atividade física, recomenda-se apenas que seja intensificada de forma gradual de acordo como o limite cada paciente, levando em consideração a rotina de exercício estabelecia antes do diagnóstico. E, diga-se de passagem, os cuidados são redobrados se o paciente era sedentário.
“Sempre digo para meus pacientes que a prática de atividades físicas, durante o tratamento, pode ajudar a minimizar dores, contribuindo para o fortalecimento muscular e energético”, afirma. A médica diz que entre as atividades mais recomendadas em seu consultório para quem está tratando o câncer, está o pilates, hidroginástica, academia. De acordo com a especialista, o exercício tem o poder de melhorar a ansiedade, a depressão e elevar a autoestima. Colabora para a redução do estresse, reeducação postural, aumento da força muscular, alongamento e flexibilidade muscular. Além disso, a atividade melhora ainda o equilíbrio e a resistência cardiopulmonar. Mas vale lembrar que existem algumas limitações nos pacientes oncológicos que precisam ser respeitadas e avaliadas pelo profissional da área de saúde.
A profissional de educação física da Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário (HuB), Lidiane Gomes, conta que progresso em pacientes vítimas de câncer de mama é notório. Ela diz que o trabalho em grupo é realizado logo a após a liberação da fisioterapia e que os exercícios ajudam a melhorar e manter a flexibilidade do membro afetado. E que os alongamentos gerais e fortalecimento muscular consequentemente aumentam o nível de condicionamento físico de cada paciente. “A ideia é proporcionar uma qualidade de vida maior para as pacientes. Durante as aulas em grupo, podemos acompanhar a evolução da melhora em relação as dores e ao cansaço de cada uma. A atividade também ajuda na socialização entres as pacientes que se sentem abertas para trocar informações sobre a doença”, diz.
Além disso, Lidiane afirma que a atividade física durante o tratamento de câncer já é cientificamente comprovada, e que ajuda a minimizar o desconforto da fadiga sistêmica causada pela doença. Ao contrário do que muitas pessoas pensam durante o tratamento, a intenção não é que a pessoa fique de repouso, e sim que fique ativa para que elas percebam mais os resultados.
Vale salientar que de acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres brasileiras depois do câncer de pele não melanoma. A estimativa é de que neste ano, serão cerca de 60 mil novos casos da doença. Estima-se que 20% a 50% dos pacientes com câncer de mama em estágio inicial cheguem à fase metastática.