Etiene Carvalho – blogvinhotinto@gmail.com
Jornalista e editora do Blog Vinho Tinto
Sommelier Fisar, Especialista em Vinhos da França (FWS), especialista em Vinhos da Califórnia (CWS) e (WSET)
Para fazer um vinho tinto, o primeiro passo é juntar uma grande quantidade de uvas viníferas maduras e colocá-las em um recipiente limpo. A partir daí, faz-se necessário esmagar as uvas para que elas liberem seu suco. Depois disso, suco e pele são colocados juntos em um recipiente destinado à fermentação – processo em que as leveduras (pequenas fungos existentes nas uvas) entram em contato com o açúcar da uva e, paulatinamente, o transformam em álcool. As leveduras também produzem dióxido de carbono que evapora. A fermentação nos vinhos tintos ocorre a temperaturas elevadas que variam de 20 a 32 graus. Um detalhe importante é que a quantidade de cor e de taninos (substância adstringente que dá sensação de secura na boca) no vinho final vai depender da quantidade de tempo em que o suco passou em contato com as peles. Em vinhos mais intensos, esse contato pode durar, aproximadamente, duas semanas. Já em vinhos mais ligeiros, o contato pode ser de apenas cinco dias.
Algumas variedade de uvas tintas:
Cabernet Sauvignon – Esta é a casta conhecida como “Rainha das uvas Tintas” por sua facilidade de produzir vinhos de qualidade nos mais diversos climas. É originária da região de Bordeaux na França. Desta casta surgem vinhos tradicionalmente estruturados, com bastante tanino, acidez alta e com boa capacidade de envelhecimento. Os vinhos Cabernet Sauvignon normalmente apresentam notas de frutas pretas (amora, groselha preta). Quando provenientes de climas moderados são mais leves e menos encorpados e, normalmente apresentam aromas de pimentão. Já os de clima quente são mais encorpados. É muito comum encontrar os vinhos tintos de Cabernet Sauvignon misturados a outras variedades de uva, como Merlot, Shiraz, Malbec e Carmenère.
Merlot – É outra casta muito comum em Bordeaux, na França. Seus sabores, normalmente, passam por frutas vermelhas (quando cultivadas em climas moderados) e frutas pretas (quando cultivadas em climas quentes). Possui taninos e acidez média. Quando vinificada da maneira adequada pode produzir vinhos bastante aromáticos que lembram bolos de frutas secas. Alguns dos vinhos mais caros do mundo, como o Chateâu Petrus e o Le Pin são feitos quase que 100% com a uva Merlot.
Malbec – Apesar de ser originária de Cahors, na França, é na Argentina que essa casta de uva é extensamente plantada e extremamente bem-sucedida. Seus vinhos possuem cor escura e sabor profundo de ameixa, de bom corpo e tânicos, para serem consumidos ainda jovens. Frequentemente, seu vinho é vendido como monovarietal (sem mistura com outra uva), mas pode ser útil em mesclas com Cabernet Sauvignon e Shiraz.
Pinot Noir – Pode ser considerada uma casta bastante temperamental, pois exige condições perfeitamente corretas de cultivo e de vinificação para produzir um bom vinho. É originária de Borgonha, na França, e produz vinhos bastante admirados em todo mundo como os Romanée Conti, Clos de Vougeot, Le Chambertin e outros grands crus. Um Pinot Noir possui taninos bem menos marcantes porque possui menos sementes e suas cascas são finas, razão pela qual também é um vinho mais claro que os demais. Normalmente, é menos encorpado que um Cabernet Sauvignon. Possui sabores de frutas vermelhas e ervas quando jovens e um pouco envelhecidos, notas vegetais e de cogumelos.
Shiraz (inglês) ou Syrah (Francês) – Originária da França, é bastante produzida hoje na Austrália. Faz vinhos escuros e intensos com sabores de frutas pretas e especiarias. Normalmente, possuem acidez média e taninos altos. Quando provenientes de locais de clima moderado dão vinhos muito escuros, secos, tânicos e com notas de pimenta do reino. Se originárias de locais mais quentes, os vinhos, apesar de tânicos, apresentam notas de especiarias doces (alcaçuz e cravos da Índia) e de chocolate.