terça-feira, 26 novembro, 2024
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    Medida restritiva deixa pobre mais pobre e infeliz

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    As desigualdades sociais aumentaram no Brasil durante a onda de lockdowns e outras medidas restritivas de liberdade a pretexto governadores e prefeitos controlarem os efeitos da pandemia de covid-19, e os indicadores de felicidade do brasileiro estão no menor ponto da série histórica.

    De acordo com a pesquisa Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), o país atingiu, em 2020, a pior nota média de satisfação com a vida desde 2006. A desigualdade, medida pelo chamado índice de Gini, atingiu o patamar mais alto, batendo também o recorde de toda a série histórica no primeiro trimestre de 2021. Ainda segundo o estudo, os impactos mais fortes na diminuição de renda e bem-estar foram sentidos pela parcela mais pobre da população.

    O estudo mostra que, durante a onda de decretação de lockdowns a pretexto da pandemia, a renda média do brasileiro foi de R$ 1.122 de janeiro a março de 2020, a R$ 995, no primeiro trimestre de 2021, o menor valor da série histórica, marcando, pela primeira vez, um montante abaixo de R$ 1 mil.

    O bem-estar social – indicador que combina prosperidade com igualdade – caiu 19,4%, entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, chegando a um novo piso da série. O índice de Gini, usado para avaliar a distribuição de riquezas de determinado lugar, passou de 0,642 no primeiro trimestre de 2020 para 0,674 no mesmo período de 2021, o que é considerado “um grande salto de desigualdade”.

    Nesse contexto, os brasileiros estão com mais raiva (19% para 24%, de 2019 para 2020) e relatam estar mais preocupados (56% para 62%, de 2019 para 2020), mais estressados (43% para 47%) e mais tristes (26% para 31%). Quando o assunto é diversão, a percepção do brasileiro é de queda, de 72%, em 2019 para 66%, em 2020.

    Para o diretor do FGV Social e coordenador da pesquisa, Marcelo Neri, as perdas materiais explicam a perda de felicidade, mas não são o único motivo.

    “Todos nós estamos vivendo um cenário muito desafiador e difícil, que é nosso risco de sobrevivência. Nosso dia a dia é muito difícil, em isolamento social, tudo isso, para além da renda, ajuda a explicar essa perda da felicidade”, diz.

    Satisfação com a vida

    A medida geral de felicidade é dada por uma nota de avaliação de satisfação com a vida numa escala de zero a dez. Essa nota, que vinha piorando entre 2014 e 2018, chegou a melhorar em 2019, atingindo 6,5 pontos. Em 2020, no entanto, caiu 0,4 ponto, chegando a 6,1 – a menor pontuação da série histórica, desde 2006.

    A felicidade na pandemia também é desigual. Entre os 20% mais ricos, esse indicador aumentou de 6,8 para 6,9, de 2019 para 2020. Entre os 40% mais pobres, caiu de 6,3 para 5,5.

    “Toda essa queda está concentrada na base da distribuição de renda brasileira, ou seja, uma piora da desigualdade de felicidade”, diz Neri.

    A pesquisa também comparou os resultados com os de 40 outros países. Em média, a “nota de felicidade” ficou parada no restante do mundo, em torno de seis pontos.

    “O que a pesquisa mostra e acho que é importante dizer é que, embora a pandemia seja um fenômeno global que afetou a todos os países, o Brasil tem um desempenho nesses aspectos subjetivos pior. A gente talvez precise repensar como a gente está lidando com a pandemia em termos de políticas, em termos de enfrentamento, enquanto ação coletiva”, diz o coordenador do estudo.

    A pesquisa está disponível na íntegra no site da FGV Social.

    (Com Agência Brasil)

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