Dr. Henrique Gomes*
É cada vez mais inegável que a música exerce papel fundamental não só no desenvolvimento cognitivo das crianças, mas também no amadurecimento afetivo e intelectual. A música é capaz de levar a todos um estado de calma e tranquilidade. E assim como o ar, a água e os alimentos, as canções exercem um papel importante no nosso dia a dia, nos motivando a crescer físico, mental e emocionalmente.
A partir da 21º semana de idade gestacional, um feto já é capaz de ouvir sons de dentro da barriga da mãe. Seja pelas batidas ritmadas do coração ou pela voz dos papais corujas, todos os sons são importantes estimulantes cognitivos. Como pediatra, observo o quão empolgadas ficam as mães que têm vivência musical e sabem tocar algum instrumento. Por isso, sempre estimulo que elas tenham o hábito de tocar e cantar para seus filhos durante o período gestacional.
Sabemos que no mundo atual não podemos fazer nossas crianças escutarem somente o que achamos valioso. Entretanto, assim como na educação infantil, os pais devem ser o primeiro exemplo. Por isso, reforço que desde o momento em que o bebê se encontra no ventre materno, ele retem informações, e é ali que o estímulo musical pode ser despertado. Claro, é bom ser seletivo e é preferível que o bebê tenha contato com músicas calmas, muitas vezes instrumentais e com volume baixo para despertar tranquilidade e aconchego. À medida em que for crescendo, ele vai se adequando a outros ritmos e ganha oportunidades de escolher com qual ele mais se identifica.
Com a vivência de gente grande, notamos que as músicas narram marcos e geram lembranças afetivas. Elas também mudam conforme a região em que vivemos, apresentando influência cultural e geográfica. Portanto, podem ser encaradas de formas diferentes a depender do ambiente. A finalidade musical de uma aldeia indígena difere dos cânticos de várias religiões, como também da meditação nos templos budistas ou das brincadeiras infantis nas escolas. Contudo, vemos que não importa o local, as músicas são responsáveis por criar laços que serão lembrados por toda a vida.
No imenso Brasil que vivemos, se canta a regionalidade das regiões e os protestos pelos grupos excluídos. Há também espaço para as canções educativas e com responsabilidade social. Portanto, seja para melhorar a higienização do sono da criança, unir à família e os amigos, a música é um presente que deve ser estimulado diariamente para o saudável e feliz desenvolvimento de uma criança.
*Pediatra da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal desde 2008;
pediatra do Grupo Santa (Hospital Santa Lúcia Sul e Taguatinga) e pediatra da clínica PedCare*. Foto: Barbarah Queiroz