*Por Nayara Machado
A Páscoa vem chegando e junto com ela o mimimi: metade das pessoas provando que comprar uma dezena de barras de chocolate é mais barato e vantajoso do que um ovo de Páscoa, enquanto a outra metade se diverte com os lançamentos e compartilha os ovos que ganhou ou mais gostou.
Não sou tão fã assim de doces ou chocolates para tomar um partido e defender um lado ou outro. Mas, dezenas de barras de chocolate a gente come quando quiser, em qualquer época do ano. Os tais ovos de chocolate, por outro lado, só estão disponíveis nesta época do ano, o que os torna especiais – além, é claro, do marketing pesado e das surpresas que os recheiam.
Mas por que ovos de chocolate? E os coelhos? O que tem a ver os ovos com os coelhos?
Tudo começou, há um tempo atrás, na ilha do sol… digo, no Mediterrâneo, Leste Europeu e Oriente, muitos anos antes de Cristo, com culturas que usavam o ovo como presente quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera. Os ovos eram pintados com gravuras que representavam a natureza. O costume atravessou a Antiguidade, e se manteve vivo entre as populações pagãs que habitavam a Europa durante a Idade Média.
Nesse período, eram realizados rituais de adoração para Ostera, a deusa da Primavera. Em suas representações mais comuns, Ostera era representada na figura de uma mulher que observava um coelho saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. A imagem conjuga três símbolos que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos.
E, aí chegamos, séculos depois, aos culinaristas franceses que tiveram a ideia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da História. Depois disso, a energia desse calórico extrato retirado da semente do cacau – considerado um alimento sagrado pelos povos pré-colombianos – também reforçou o ideal de renovação sistematicamente difundido nessa época.
Ok, dezenas de barras de chocolate ainda são economicamente mais interessantes que um ovo de 300g de chocolate. Mas, de certa forma, um ovo de Páscoa não é só um ovo de chocolate. É o resultado da fusão de diferentes culturas, de diferentes continentes, ao longo de milhares de anos, o que o torna culturalmente mais interessante. Fora os brindes maneiros que vêm dentro.
Receitas:
Faça seu ovo!
Ovo de Páscoa recheado
Ingredientes:
– 1 kg de chocolate ao leite, ou meio amargo, ou blend
– Fôrmas para ovos no tamanho de sua preferência
Sugestões de recheio:
Chocolate branco:
– 1/2 kg de chocolate branco Garoto
– 1 caixinha de creme de leite
Beijinho:
– 3 latas de leite condensado
– Coco ralado a gosto
Amarula:
– 1/2 kg de chocolate branco Garoto
– 1 caixinha de creme de leite
– Amarula a gosto
Modo de preparo:
Derreta o chocolate em banho-maria. A água do banho-maria não pode ferver, se você tiver um termômetro melhor. A temperatura do chocolate derretido não pode ultrapassar 45°C, senão derrete o açúcar do chocolate e só queremos que derreta a manteiga de cacau;
Tempere o chocolate conforme indicação da embalagem, pode ser passando o chocolate sobre o mármore rapidamente, até colocar um pouco nos lábios e sentir o chocolate frio, a temperatura depende do sabor do chocolate, verifique a embalagem;
Coloque chocolate nas formas, distribua por toda ela e ire para escorrer o excesso;
Leve para gelar virado sobre papel manteiga;
Se a camada ficar fina faça mais uma camada de chocolate;
Após endurecer, espalhe o recheio de sua preferência e volte à geladeira por alguns minutos;
Cubra o recheio com uma camada de chocolate e leve para gelar até endurecer;
Desenforme e embale a seu gosto.
Recheio de chocolate branco:
Derreta o chocolate em banho-maria. Tire do fogo, acrescente o creme de leite e mexa até ficar homogêneo. Deixe esfriar para usar.
Recheio de beijinho:
Leve o leite condensado e o coco ao fogo, mexendo sempre, até engrossar. Deixe esfriar para usar.
Recheio de Amarula:
Derreta o chocolate branco em banho-maria. Tire do fogo, acrescente o creme de leite e mexa até ficar homogêneo. Adicione Amarula aos poucos, mexendo bem, fica um pouco pesado no início, até obter o ponto de sua preferência. Deixe esfriar na geladeira para endurecer um pouco.
- Nayara Machado é jornalista e colunista de Gastronomia do Jornal do Planalto