domingo, 6 outubro, 2024
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    Papa Francisco diz que o ‘mundo está em guerra’

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    O papa Francisco imprimiu um tom sombrio à sua visita à Polônia, no dia seguinte ao assassinato de um padre na França, considerando que o mundo atravessa uma “guerra de interesses, dinheiro”, mas, segundo ele, não de religiões.

    Em seu primeiro discurso em Cracóvia, ele chamou os poloneses a “superar seus medos” e acolher “aqueles que fogem da guerra e da fome”, abordando imediatamente a questão dos refugiados, assunto delicado para Varsóvia.

    Antes da aterrissar em Cracóvia para ser recebido pelo presidente Andrzej Duda e uma pequena multidão entusiasmada, o pontífice falou a bordo do avião do assassinato do padre francês de 86 anos, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico.

    “Este santo sacerdote que morreu quando oferecia uma oração por toda a Igreja” é vítima de uma “guerra fragmentada”, declarou Francisco aos repórteres que o acompanharam desde Roma.

    “Fala-se tanto de segurança, mas a palavra verdadeira é guerra. O mundo está em guerra porque perdeu a paz. Quando falo de guerra, falo de uma guerra de interesses, de dinheiro, de recursos, não de religiões. Todas as religiões querem a paz”, afirmou na viagem que o levou para a Jornada Mundial da Juventude.

    “Depois de muito tempo, o mundo está em uma guerra fragmentada. A guerra que foi a de 1914, depois a de 39-45, e agora esta. Ela pode não ser a mais orgânica, mais organizada, mas é a guerra”, ressaltou.

    Pouco depois de sua chegada na Polônia, o papa se dirigiu ao castelo real de Wawel, onde falou às autoridades do país, insistindo que o “complexo fenômeno migratório requer um suplemento de sabedoria e misericórdia para superar os temores e fazer o maior bem possível”.

    Tal como o seu antecessor polonês João Paulo II, ele não hesitou em referir-se aos problemas sensíveis do país, com o risco de indispor seus líderes.

    Neste sentido, ele também pediu que as causas do fenômeno da migração sejam identificadas, que se facilite a volta dos atingidos, que se dê solidariedade e liberdade e, principalmente, que se “dê testemunho com os fatos dos valores humanos e cristãos”, acrescentou.

    O governo conservador de Beata Szydlo recusa-se a receber os migrantes, em nome da segurança.

    Comentando diante das câmeras de televisão seus 30 minutos a sós com o papa, o presidente Duda assegurou que eles não conversaram sobre a questão dos migrantes.

    “Cada um ouviu as palavras do Santo Padre, só posso repetir o que eu sempre digo: Somos um país fundado em valores e não recusamos oferecer ajuda a ninguém. Se alguém quer vir para cá, especialmente se é um refugiado, fugindo da guerra, ele certamente vai ser bem-vindo”, afirmou Duda.

    Mas “não estamos de acordo com a ideia de que devemos impor à população da Polônia pessoas pela força”, acrescentou, em uma alusão ao sistema de quotas de migrantes da UE, rejeitado por Varsóvia.

    ‘Woodstock católico’

    O principal objetivo da visita do papa é o encontro com centenas de milhares de jovens católicos de todo o mundo para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), apelidada de “Woodstock católica”, em referência ao lendário festival de música organizado nos Estados Unidos em agosto de 1969.

    Dezenas de milhares de estrangeiros entusiastas estão chegando há vários dias nas dioceses polonesas antes de convergir para Cracóvia.

    Mas a multidão pode ser muito menor do que a esperada por causa de temores de ataques.

    Mais de duzentas mil pessoas participaram na terça-feira da missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude, segundo o chefe da Polícia Nacional, Jaroslaw Szymczyk, enquanto os organizadores esperavam meio milhão.

    O Papa irá visitar na quinta-feira o Santuário mariano de Czestochowa e sexta-feira o antigo campo de concentração de Auschwitz, onde cerca de 1,1 milhão de pessoas, um milhão de judeus, foram assassinadas pelos nazistas alemães.

    A visita deve ser concluída com a tradicional vigília de oração no sábado e a missa de domingo, com uma noite para os jovens sob as estrelas.

    ISTOÉ com AFP

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