quinta-feira, 24 outubro, 2024
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    Para a mídia “progressista”, facada e tiro contra candidatos não são atos antidemocráticos

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    Adib Kassouf Sad*

     

     

     

     

     

     

    Não há argumento jurídico que minimize a gravidade do atentado sofrido pelo candidato à Presidência dos Estados Unidos Donald Trump no último dia 13 de julho. Mais que ataque armado contra um político em seu legítimo exercício de campanha, tratou-se de ação bélica contra a democracia. Não há outra interpretação plausível para o ocorrido, goste-se ou não de Trump. Que o FBI, como promete, descubra as motivações e aponte envolvimentos, se houver.

    Em tal cenário, indigna quase tanto quanto o próprio crime o comportamento da mídia, ou de parte dela. Partindo de “estampidos que se assemelhavam a tiros”, passando pelo ridículo “suposto sangue” que escorria pelo rosto do alvejado, chega-se a ao apogeu de dar eco a estapafúrdias teorias conspiratórias, sempre em consonância com a ideologia do escriba.

    Não nos aferramos a dogmas, sejam eles de esquerda ou de direita, mas não se pode deixar de enxergar, neste momento, o quão dogmática é a postura da imprensa autointitulada “progressista”. Os donos (no entender deles) dos conceitos de democracia e justiça social são na verdade os grandes disseminadores de fake news, haja visto o que acontece no Brasil, onde se questiona até a autenticidade do abdômen estraçalhado do ex-presidente Jair Bolsonaro.

    Seria salutar que a esquerda que posa de democrata, incrustrada na imprensa, repudiasse qualquer ato antidemocrático com igual veemência, não apenas este ou aquele. A facada em Bolsonaro foi um atentado contra a democracia brasileira, assim como o tiro de AR-15 contra Donald Trump atenta contra a democracia americana. Dois candidatos a presidente do campo conservador foram vítimas de ataques armados cuja finalidade era matá-los. Uma facada e um tiro de fuzil cujos alvos coincidem: a democracia. Ou assassinar políticos faz parte do jogo democrático?

    As teorias da conspiração que povoam os sites “progressistas” seriam risíveis, não fossem trágicas. Isso vem de longe. A tecla de que o ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador, era um agente da CIA foi batida inúmeras vezes, lembremos. Também cansamos de ler e ouvir a tese de que o governo dos Estados Unidos esteve por trás do impeachment da presidente Dilma Rousseff, interessado que estaria no petróleo brasileiro. O atentado a Trump, por sua vez, vem ganhando interpretações surreais, como a forjada por um político da oposição ucraniana e repercutida em portais da esquerda brasileira, muito acessados, por sinal: o ataque ao candidato americano teria sido urdido por Kiev, pelo fato de a paz na Ucrânia, defendida por Trump, não interessar politicamente a Volodymyr Zelensky.

    Na acintosa criatividade interpretativa do caso em tela, contudo, não estamos sozinhos. Nos Estados Unidos, apoiadores do presidente Joe Biden nas redes sociais aglutinaram na hashtag staged (armado) postagens de cidadãos certos de que o atentado de 13 julho foi uma encenação para que Trump, na condição de vítima, desse um salto nas intenções de voto. Paralelamente, abundam fotos adulteradas da cena do atentado. Por quê? Para quê?

    Algo precisa ser feito para que o mundo volte à razão, em nome da democracia.

    *Advogado, é vice-presidente da CAASP (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo), professor de Direito, membro da Academia Paulista de Letras Jurídicas e da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências. Foi presidente da Comissão de Direito Administrativo da OAB SP. 

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