quinta-feira, 28 novembro, 2024
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    PF abre 33ª fase da Lava Jato com foco na Queiroz Galvão

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    Movimentação policial em um dos endereços onde foram cumpridos mandados no começo desta manhã
    Aloisio Mauricio /Fotoarena/Folhapress

    Operação investiga esquema bilionário de lavagem de dinheiro.
    Ex-presidente e ex-diretor da construtora foram presos preventivamente.

    Adriana Justi e Camila Bonfim – G1 PR e da TV Globo em Brasília

    Desde a madrugada desta terça-feira (2), a Polícia Federal cumpre 32 mandados judiciais da 33ª fase da Operação Lava Jato em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas Gerais. A ação foi batizada de “Resta Um” e mira a construtora Queiroz Galvão, suspeita de fraudar licitações da Petrobras e de pagar propina para evitar investigações de uma CPI no Senado.

    O ex-presidente da construtora Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor Othon Zanoide de Moraes Filho foram presos preventivamente no Rio de Janeiro. Não há prazo para que sejam liberados. Os dois já tinham sido detidos na 7ª fase da Lava Jato e tinham sido soltos por determinação da Justiça.

    Há ainda um mandado de prisão temporária (por cinco dias) para Marcos Pereira Reis, ligado ao consórcio Quip, que tinha a Queiroz Galvão como acionista líder. Reis está no exterior, segundo a PF.

    Também são cumpridos seis mandados de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento, e 23 de busca e apreensão.

    Por volta das 8h, equipes da PF estavam no estaleiro da Queiroz Galvão no Rio Grande do Sul e em um escritório da empresa em Rio Grande (RS). Agentes também estavam na sede da empreiteira e em um escritório na Zona Oeste de São Paulo.

    A Queiroz Galvão afirmou ao G1 que não vai se manifestar sobre a operação. A reportagem tenta contato com a defesa dos demais envolvidos.

    O que se investiga

    Esta fase da operação tem duas frentes:

    1. Levantar provas sobre a formação de cartel para conseguir obras na Petrobras.

    2. Apurar pagamentos de propina a políticos e partidos, além de negociações para interferir na CPI da estatal no Senado, em 2009.

    Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a Queiroz Galvão integrou um cartel para fraudar licitações da Petrobras. O cartel, conforme as investigações, maximizou os lucros das empresas privadas e gerou prejuízos bilionários para a estatal.

    As investigações dizem que os executivos da empresa pagaram cerca de R$ 10 milhões em propina para funcionários das diretorias de Serviços e de Abastecimento da Petrobras.

    Existem indícios de que milhões de dólares também foram transferidos por meio de contas secretas no exterior, conforme o MPF. Os pagamentos indevidos teriam sido feitos tanto pela Queiroz Galvão quanto pelo consórcio Quip.

    “A hipótese tem por base depoimentos de colaboradores e comprovantes de repasses milionários feitos pelo trust Quadris, vinculado ao Quip, para diversas contas, favorecendo funcionários da Petrobras”, segundo o MPF.

    As obras investigadas englobam contratos em complexos petroquímicos no Rio de Janeiro, na Refinaria Abreu e Lima, Refinaria Vale do Paraíba, Refinaria Landulpho Alves e Refinaria Duque de Caxias.

    CPI da Petrobras

    O MPF informou também que a operação Resta Um busca colher provas da tentativa de obstrução à investigação de organização criminosa pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em 2009.

    “Há indícios, que incluem a palavra de colaboradores e um vídeo, de que 10 milhões de reais em propina foram pagos pela Queiroz Galvão com o objetivo de evitar que as apurações da CPI tivessem sucesso em descobrir os crimes que já haviam sido praticados até então”, declarou o MPF.

    Em junho deste ano, a TV Globo divulgou o vídeo de uma reunião que ocorreu em 21 de outubro de 2009, no Rio de Janeiro. Nela, foi negociado o apoio do então presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), para esvaziar as investigações da CPI criada naquele ano no Senado para investigar suspeitas de superfaturamento nas obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

    Operação Resta Um

    O nome da operação, de acordo com a Polícia Federal, remete ao fato de se tratar da última empresa de grande porte investigada pela formação do cartel.

    A Queiroz Galvão teria sido identificada como parte integrante da chamada “regra do jogo”, em que empreiteiras formaram um grande cartel visando burlar as regras de contratação por parte da Petrobras.

    Investigação sobre a Queiroz Galvão

    Segundo apuração da Lava Jato, entre os anos de 2006 a 2014, as empresas do grupo e consórcios dos quais a Queiroz Galvão fez parte celebraram contratos com a Petrobras que somam R$ 8.996.284.630,83.

    Agentes encontraram, no ano passado, uma nota fiscal de R$ 386 mil emitida pela MO Consultoria para o Consórcio Ipojuca Interligações, do qual a Queiroz Galvão era integrante.

    A MO consultoria é apontada pela Polícia Federal e pelo MPF como uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef – considerado do líder do esquema desvendado pela Operação Lava Jato –, que tinha como finalidade intermediar o pagamento de propina. Não foi, porém, identificado o registro do depósito pertinente nos extratos bancários da MO Consultoria.

    Da mesma forma, foram localizadas outras notas ficais de R$ 386 mil,  R$ 321.130,38 e R$ 250 mil emitidas pela Empreiteira Rigidez, igualmente ligada a Youssef, para o Consórcio Ipojuca Interligações. Destas notas, foi identificado o pagamento apenas da segunda.

    Ainda foi apreendido, de acordo com os investigadores, contrato de consultoria celebrado entre a Queiroz Galvão e a empresa Costa Global Consultoria e Participações Ltda., controlada por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
    Costa firmou acordo de delação premiada com o MPF para repassar informações sobre o esquema de corrupção dentro da estatal.

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