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sábado, 27 abril, 2024
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    Produtores rurais serão remunerados para preservar a Bacia do Descoberto

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    Presidentes da Caesb e da Emater-DF anunciam lançamento do edital de chamamento do Produtor de Águas do Descoberto – Foto: Agência Brasília

    O Governo do Distrito Federal (GDF) celebrou, nesta sexta-feira (22), data em que se comemora o Dia Mundial da Água, o contrato de serviços para proteção dos recursos hídricos na Bacia do Rio Descoberto. O documento, além de firmar a parceria entre a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) e produtores rurais da região, abre inscrições para que os produtores rurais possam participar do projeto Produtor de Água no Descoberto. A participação prevê remuneração, aos produtores, para ajudar na preservação do curso de água que divide a capital federal do estado de Goiás.

    O projeto Produtor de Água busca engajar os proprietários de terra da área nos esforços para tornar a Bacia do Alto Descoberto referência na produção sustentável de água e alimento. O objetivo é garantir a segurança hídrica, conservar o solo e proteger a vegetação nativa do Cerrado. Para isso, todos os participantes, que são voluntários, receberão o equivalente a R$ 170 por hectare preservado.

    Os números ajudam a dar a dimensão da importância da bacia para o abastecimento não só das produções locais, mas de toda a população do DF. Sozinho, o reservatório é responsável por cerca de 60% de toda a água consumida na capital federal. São 452 km² de extensão, dos quais 70% estão localizados em território brasiliense (Brazlândia e Ceilândia) e 30% em Goiás (Padre Bernardo e Águas Lindas).

    Presidente da Emater-DF fala sobre ações da empresa no projeto e também fora dele, na preservação da água – Fto: Agência Brasília

    Cadastro voluntário

    Os produtores rurais interessados em aderir ao projeto devem se cadastrar junto à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Antes, é preciso verificar se a propriedade rural está inserida nas áreas priorizadas pelo programa. Para isso, basta acionar a empresa pelo telefone (61) 3618-1015, caso esteja situada em Brasília, ou (62) 98152-1596, se estiver em Goiás.

    O presidente da Emater-DF, Cleison Duval, ressalta que a empresa está empenhada na captação de produtores rurais que desejem ajudar na preservação da bacia. “Essa adesão é voluntária do produtor”, reforça.  “A Emater atua na mobilização de todos eles, convidando-os a participar desse projeto. Fazemos visitas às propriedades; e, nessas visitas, os técnicos discutem o que pode ser feito para adequar a propriedade às melhores condições ambientais de preservação”.

    Na prática, a partir da adesão ao projeto, técnicos da Emater-DF agendam presencialmente um diagnóstico na propriedade para elaboração do Projeto Individual da Propriedade (PIP), que contempla a situação atual do imóvel rural e inclui as proposições de adequação e melhoria quanto à conservação de água e solo e do uso racional da água na agricultura irrigada.

    O presidente explicou ainda que a Emater-DF também auxilia as propriedades em outras ações como na adequação ambiental conforme a legislação ambiental, com realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR), na revitalização de canais de irrigação em aprceria com outros órgãos e também com saneamento rural, que agora também conta com a parceria da Caesb.

    Presidente da Caesb apresenta projeto aos público presente – Foto: Agência Brasília

    Custos

    O presidente da Caesb, Luís Antônio Almeida Reis, lembra que, além da preservação dos cursos hídricos, o projeto também ajudará a reduzir custos operacionais da companhia. “Quanto maior a qualidade da água, menor o custo para o tratamento”, afirma.

     

    “Os agricultores daqui ajudando a natureza, mantendo essas áreas livres e limpas, com florestas e com tratamento natural, significa menos resíduos indo para os lagos, menos assoreamento”, complementa o gestor. “Isso melhora a qualidade da água do lago, que quando captada demandará menos químicos, menos energia e menos dinheiro para poder tratá-la.”

    Segundo Reis, o orçamento para o projeto pode chegar a R$ 10 milhões, a serem empenhados em cinco anos. “A receptividade está excelente”, assegura. “Temos inúmeros produtores rurais chegando, e estaremos assinando os demais contratos ao longo dos próximos meses. Acreditamos que vamos atingir a nossa meta, que é de 250 produtores rurais parceiros”.

    Entre as ações desenvolvidas nas propriedades, estão previstos cercamento de nascentes, plantio em matas ciliares, adequação de estradas rurais, terraceamento, saneamento rural, agricultura sustentável, educação ambiental, conservação da vegetação nativa e revestimento de canais.

    Nesse contexto, os produtores também contarão com o apoio do Instituto Brasília Ambiental. “Toda obra que vai ser feita, principalmente quando se fala de água, precisa da parceria do instituto para obtenção do licenciamento ambiental”, lembra o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer. “Não há como falar em água sem falar do Cerrado, que é o berço das águas. E, no Brasília Ambiental, temos a missão de proteger esse bioma tão importante”.

    Produtores

    Atualmente, a área de Brazlândia dispõe de 4,5 mil propriedades, entre as quais 2,5 mil diretamente ligadas à Bacia do Rio Descoberto. Uma delas pertence ao produtor rural Cláudio Henrique Rabelo Araújo, 46, que há 37 anos trabalha na preservação e reestruturação de nascentes. “A gente protege aquelas nascentes que já existem há bastante tempo, e a primeira recompensa direta é o aumento na produção de água”, defende.

    Para Araújo, ter a oportunidade de ser remunerado pela atividade é um fator motivador: “É fantástico. O produtor rural que faz esse tipo de preservação não tinha, até então, incentivo financeiro. Agora, com essa possibilidade de entrar um dinheirinho, o pessoal fica feliz”.

    “Eu gostaria de dizer que quem sonha pode realizar e a gente não pode desistir nunca, porque nós sabemos mais do que ninguém os desafios que enfrentamos aqui nesta bacia. Hoje, vejo o quanto crescemos como pessoas quando aprendemos a trabalhar em parceria. Temos uma propriedade rural para produzir e preservar, não para lotear. Essa é a consciência que nós, produtores, devemos ter”, afirmou Rosane Jakubowski de Carvalho, presidente da Associação dos Produtores Protetores da Bacia do Descoberto.

     

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