O presidente Michel Temer (PMDB), que tem dois desafios no Congresso esta semana. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
De um lado, presidente tenta salvar a pele indicado um aliado para relatar denúncia contra ele na Câmara; no Senado, risco é não aprovar reforma trabalhista
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O presidente Michel Temer (PMDB) terá esta semana duas batalhas que vão influenciar os rumos do seu mandato nas principais frentes abertas pelo peemedebista: uma, para livrar a própria pele, arquivando a denúncia contra ele na Câmara; outra, para dar sobrevida ao seu governo, sacramentando a aprovação da reforma trabalhista no Senado.
Nas duas, a vitória parece certa, mas o governo não canta vitória antes da hora: teme ser abandonado por alguns parlamentares, que, apesar de integrarem a base aliada, podem não querer vincular seus nomes de forma definitiva a um governo cujo futuro é incerto.
A primeira batalha será nesta terça-feira, quando deve ser definido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado o relator da denúncia contra Temer feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
A comissão tem 66 parlamentares, sendo 40 deles integrantes de partidos da base aliada, mas isso é relativo. Um exemplo é o próprio presidente da CCJ, o deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que, apesar de ser do mesmo partido do presidente, tem se mostrado independente do governo e acenado com a escolha de um nome independente para analisar a denúncia.
Pacheco também já deu mostras de rebeldia em relação ao governo ao dizer que acha que as denúncias contra o presidente – Janot pode fazer três – devem tramitar de forma separada, o que desagrada aos líderes do governo, que querem encerrar da forma mais rápida possível a discussão sobre as acusações contra o presidente na Câmara.
“Os critérios para a escolha do relator são ter conhecimento jurídico, ter relativa independência em relação aos interesses em jogo, porque isso é fundamental: a sobreposição dos critérios jurídicos e técnicos sobre os critérios políticos”, disse Pacheco na semana passada. Segundo ele, o relator pode ser da base aliada, do próprio PMDB ou da oposição, “mas que tenha relativa independência em suas posições”, disse.
O Planalto já viu o sinal amarelo: para agradar a Pacheco, vai trocar o presidente de Furnas, colocando Júlio César Andrade, que agrada ao peemedebista e ao PMDB de Minas Gerais, no lugar do atual dirigente, Ricardo Medeiros. Avisado da intenção do governo, Pacheco voltou a dizer que isso não mudará a sua postura e que a troca em Furnas era só a correção de uma “falta grave” com Minas, já que o PMDB local sempre indicou o dirigente máximo da estatal.
Placar apertado
Já na quarta-feira o presidente tem luta em outra frente: tentar aprovar a reforma trabalhista no plenário do Senado, último passo para sacramentar as mudanças na legislação. Ser um presidente capaz de conduzir a aprovação das reformas econômicas no Congresso é hoje o principal trunfo de Temer para permanecer à frente do cargo.
Por isso mesmo, uma derrota seria catastrófica. E o governo teme por ela. Nas contas mais otimistas dos aliados, Temer tem 48 dos 81 votos do Senado, o que seria suficiente, já que precisa apenas da maioria simples da Casa, ou seja, 41 votos. Mas no cenário pessimista, a base governista acredita em cinco traições, o que deixaria o projeto no limite de não ser aprovado.