terça-feira, 26 novembro, 2024
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    Setor agrícola do Distrito Federal gera cerca de 30 mil empregos

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    Mais da metade do território do DF é composta por áreas rurais, setor que, segundo estudos da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), emprega aproximadamente 30 mil pessoas

    EMANUELLE COELHO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA

    Setor rural emprega cerca de 30 mil pessoas diretamente, informa Secretaria de Agricultura /  Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

    Quem passa pela capital federal e vê uma região com tantos monumentos, que atraem a atenção e olhares de turistas de todo o mundo, nem sempre imagina que o território local é composto por 70% de área rural. Segundo dados da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal (Seagri), o setor emprega cerca de 30 mil pessoas diretamente. O Valor Bruto da Produção (VBP) do DF gira em torno de R$ 2,5 bilhões.

    Gilberto Gonçalves dos Santos, 40 anos, compõe essa estatística. “Não me vejo fazendo outra coisa e nunca pensei em trabalhar em outra função”, conta o trabalhador do campo. “É a profissão de que mais gosto, e sempre tem vaga para quem tem experiência.”

    Gilberto trabalha o dia todo cantarolando músicas sertanejas  – as que predominam em seu repertório são as de Eduardo Costa. A liberdade e a natureza, diz, são os principais atrativos de sua  profissão. “Esse ar puro não tem preço; e, como moro próximo, não pego trânsito para vir ao trabalho ou voltar para casa”, destaca.

    Gilberto é funcionário da chácara Beija Flor, que, localizada na zona rural do Paranoá, trabalha com produtos orgânicos. Ele, mais dois funcionários e dois diaristas auxiliam na plantação, colheita e nos cuidados com a lavoura. Cleusa de Amorim Gallo, 67 anos, e  Nivardo Borgalo, 68 anos, são os proprietários.

    Produção

    Na chácara, de 3,5 hectares, são produzidos banana, batata-baroa, alho-poró, cebolinha, coentro, salsa, couve, banana, abacate, maga, goiaba, maracujá, mandioca, acerola, cenoura, quiabo, limões taiti e galego, cebolinha, coentro, salsa, couve e outros temperos e hortaliças. A produção é vendida nas feiras. Além disso, os proprietários fazem entregas para clientes do Lago Norte, Asa Norte e Asa Sul. Alguns buscam os produtos na própria chácara. Há encomendas que chegam a 200 kg.

    “Quando mudamos para cá, aqui não tinha nada. Plantamos e construímos tudo. Aos poucos, fomos aumentando a produção”, conta Cleusa. A agricultora valoriza o auxílio da Secretaria de Agricultura (Seagri) e da unidade do DF da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). “Seagri e Emater-DF foram fundamentais no processo de produção. Sempre fazem vistoria e nos orientam nas plantações”, diz.

    “Seagri e Emater-DF foram fundamentais no processo de produção. Sempre fazem vistoria e nos orientam nas plantações”

    Cleusa Gallo, produtora rural

     Incremento

    Para o secretário de Agricultura do Distrito Federal, Dilson Resende, a área rural do DF é importante tanto pela produção agropecuária quanto pela geração de empregos e renda a milhares de famílias  – e do consequente incremento no produto interno bruto e no VBP do DF, contribuindo para o fortalecimento da economia da região. “Ela também é significativa para o planejamento territorial, pois a área rural ajuda a controlar o crescimento desordenado no DF”, pontua o secretário.

    Dílson Resende sublinha que o setor, tanto no que concerne ao agronegócio quanto ao espaço rural, são importantes na manutenção da qualidade de vida, na preservação das nascentes e mananciais, bem como das áreas de preservação de matas e de Cerrado. “É muito importante para a qualidade de vida e no planejamento e na integridade do território do DF”, valoriza.

    O que é produzido

    Quase todas as regiões administrativas do DF possuem área rural – inclusive o Plano Piloto, que abriga a Granja do Torto.  Mas as maiores estão em Planaltina, Paranoá e Brazlândia, respectivamente. As duas primeiras se destacam pelas grandes áreas de produção de grãos, como soja, milho, sorgo, feijão e trigo. Essa região também possui grandes lavouras de alho irrigado.

    Já Brazlândia é uma região produtora de hortaliças folhosas, além de pimentão, tomate, morango, goiaba, jiló, quiabo e abobrinha, entre outras.

    Também possuem grandes áreas rurais as regiões de Sobradinho, Gama e São Sebastião. E uma região rural tão grande também permite uma produção diversificada, que hospeda ainda a pecuária de leite e de corte, a avicultura, a piscicultura e a suinocultura.

    Produtos premiados

    De acordo com a Secretaria de Agricultura, os produtores da região são qualificados e organizados, e investem em tecnologia para produzir cada vez mais, em áreas menores e com o mínimo de água possível. Muitos produtos do DF já ganharam reconhecimento nacional, a exemplo da apicultura. O mel candango é detentor de vários títulos nacionais, como o de mais puro e o de melhor pólen, sendo também bicampeão internacional de qualidade.

    Outro produto cultivado nas terras do DF que já ganhou notoriedade é o trigo. O destaque se deve a uma característica chamada peso hectolitro (PH) da farinha. No grão da capital federal, o número é de 85 PH, enquanto a média nacional é de 78 PH.

     Produção está distribuída em cerca de 19 mil propriedades rurais, das quais aproximadamente 80% são da modalidade de agricultura familiar / Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

    As granjas de suínos também já são referência internacional na criação, em que pese a utilização da técnica de bem-estar animal. Muitas delas possuem sistemas de reaproveitamento dos dejetos,  como biodigestores para a produção de gás, que é transformado em energia elétrica.

    Por sua vez, o café produzido na fazenda Novo Horizonte, na zona rural de Sobradinho, classificou-se entre as finalistas do 28º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Expresso.

    Segundo dados da Seagri-DF, a produção de hortaliças fica 100% no DF e ainda é preciso importar uma parte. Também no caso dos grãos – como a soja –, o DF é grande produtor. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção da oleaginosa no Distrito Federal deve atingir um volume de 254 mil toneladas neste ano. Em relação à safra 2018/2019, a área plantada de soja na região foi acrescida em 2,4%, se comparada à safra passada.

    Toda essa fartura de alimentos está distribuída em cerca de 19 mil propriedades rurais, cerca de 80% de agricultores familiares.

    Incentivo

    Para incentivar o trabalho rural no DF e dar condições aos agricultores de empreender e se desenvolver, a Emater-DF lançou o programa Juventude e Sucessão Rural – Filhos Deste Solo, em parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB).  As inscrições para as primeiras turmas de formação serão abertas nesta quarta-feira (10) e encerradas em 9 de agosto, por meio do site da Emater-DF. Podem se inscrever pessoas entre 18 a 29 anos que tenha algum vínculo com propriedades rurais. Com duração de 40 horas, o curso inclui teoria e prática. Inicialmente, serão ofertadas 200 vagas.

    Qualificação

    Com a intenção de estimular as pessoas a permanecerem empregadas na área rural, a Emater-DF está trabalhando em um projeto que vai oferecer cursos de qualificação para o setor agrícola. Serão três de agropecuária – piscicultura, avicultura e bovinocultura – e três de agricultura – fruticultura, floricultura e oleicultura.

    Os cursos serão realizados no Centro de Capacitação Tecnológica e Desenvolvimento Rural (Centrer) da Emater-DF, na Granja do Ipê e na Agrobrasília. Os critérios, inscrições e números de vagas ainda estão sendo definidos, mas a intenção é que as turmas comecem ainda no segundo semestre deste ano.

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    Projeto da Emater vai implantar primeiras creches rurais do DF até o final do ano

    A presidente da Emater-DF, Denise Fonseca, com o presidente da Novacap, Candido Teles de Araujo

    A Emater-DF vai instalar até o final do ano duas creches na zona rural do Distrito Federal para atender crianças de 0 a 3 anos. As creches terão capacidade para atender 30 crianças em período integral ou 60 em dois turnos – a definição dependerá da necessidade de cada região e ficará com a Secretaria de Educação, que vai fazer a gestão dos espaços.

    Em quase 60 anos da fundação de Brasília, essas serão as duas primeiras creches a atenderem crianças de 0 a 3 anos na área rural do Distrito Federal. O projeto faz parte das metas de gestão da Emater e do Governo do DF para os próximos quatro anos. Até 2022, pelo menos oito creches rurais devem estar em funcionamento.

    “Essa é uma demanda antiga das mães trabalhadoras rurais, que tinham suas atividades prejudicadas pela falta de local para deixar os filhos”, disse a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca. “Como mulher, mãe e gestora de uma empresa de extensão rural, vejo com muito orgulho o empenho que toda a equipe da Emater, envolvida com o projeto, vem fazendo junto a outros órgãos para resolver esse gargalo social.”

    O projeto desenvolvido pela Emater envolve diversos órgãos do governo do DF. Nesta sexta-feira (12), Denise Fonseca e a coordenadora do projeto, Adriana Dutra, discutiram o assunto com a direção da Novacap. O órgão vai colaborar por meio da elaboração dos estudos técnicos necessários à execução do projeto das duas primeiras unidades.

    “As crianças do campo, tanto quanto as da zona urbana, merecem receber atendimento educacional de qualidade que lhes garanta a devida estimulação. A iniciativa do GDF demonstra o compromisso da capital do país com o produtor rural”, disse Adriana.

    A Emater é responsável pela obtenção de recursos de emendas parlamentares para a execução das obras e identificação dos espaços para o funcionamento das creches. A execução das obras será feita por empresas contratadas.

    As duas primeiras creches previstas devem ter as obras iniciadas na primeira quinzena de setembro. Elas serão do tipo 1: vão funcionar em prédios que serão reformados e adaptados para receber as crianças com conforto e segurança. A reforma de cada prédio tem previsão de custo de R$ 250 mil. Entre as outras seis previstas para entrar em funcionamento até 2022, há também as de tipo 2, que serão construídas a partir da necessidade levantada em cada comunidade.

    Necessidade

    Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em dezembro passado apontam disparidades na frequência escolar entre crianças das zonas rural e urbana – 43,4% e 54,7%, respectivamente. Essa diferença é maior na faixa etária de 0 a 3 anos: 18,3% entre as crianças da zona rural e de 35,4% entre as da zona urbana.

    Fausto Carneiro – Ascom Emater-DF

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    Emater-DF testa cultivo de fruta ‘do mato’ usada em doces finos e que custa até R$ 70 o quilo

    No mercado, 100 g da fruta custa de R$ 5,00 a R$ 7,00 ao consumidor / Photo by Jonathan Pielmayer on Unsplash

    Ainda pouco cultivada no Brasil e com ótimo potencial econômico, a physalis é uma fruta rústica que pode ganhar espaço na agricultura familiar do Distrito Federal por meio da Emater-DF. A fruta, da família do tomate, berinjela e pimentão, tem sabor levemente ácido e é muito usada na ornamentação de doces finos. O preço pago aos produtores por uma caixa de 100 gramas varia de R$ 2 a R$ 3,50. No mercado, custa de R$ 5 a R$ 7 ao consumidor.

    Para estimular a produção da physalis como alternativa de renda a pequenos agricultores, a Emater-DF mantém uma unidade demonstrativa em estufa no Espaço da Agricultura Familiar, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no PAD-DF. Por ser uma cultura ainda pouco conhecida, os extensionistas da empresa também estão obtendo aperfeiçoamento técnico sobre o cultivo.

    “Além do alto valor comercial, entre as vantagens de se produzir physalis estão a rusticidade e a longevidade da planta, não havendo grandes problemas com doenças”, explica o engenheiro agrônomo da Emater-DF Gilmar Batistella. “As únicas pragas que podem causar algum prejuízo são as traças e brocas de fruto, que devem ser monitoradas para realização do controle.”

    Outra vantagem da produção é que cada planta produz de 2 kg a mais de 4 kg da fruta, dependendo de sua longevidade, e a colheita começa 80 dias após o plantio. “A fruta ocorre de forma natural em algumas regiões do Brasil, porém, em sua maioria, vem de plantas ‘selvagens’, que não passaram por processo de seleção para obtenção de frutos de melhor qualidade e sabor”, diz Batistella.

    No Brasil, São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais são os principais estados produtores, mas boa parte da physalis comercializada em mercados do Distrito Federal é trazida da Colômbia, maior produtor mundial.

    Cultivo

    A physalis pode ser plantada a campo ou sob cultivo protegido. Por ser uma planta arbustiva e herbácea, deve haver o tutoramento de seus ramos. “Não é muito exigente em fertilidade do solo, sendo uma planta de alta rusticidade, deve ser plantada a sol pleno, prefere temperaturas mais elevadas”, diz Batistella.

    Em relação ao custo de produção, o engenheiro agrônomo diz que o physalis tem custo em torno de 50% menor em relação ao tomate-cereja. Os itens que mais impactam o custo está a mão de obra com as atividades de tutoramento (colheita, seleção e embalagem).

    Para a produção de mudas, recomenda-se o uso de bandejas de poliestireno de 128 células. Com 30 a 35 dias, as mudas podem ser transplantadas para o solo. A colheita tem início cerca de 80 dias após o plantio, ficando em produção por vários meses, dependendo das condições climáticas e das técnicas empregadas.

    O espaçamento entre plantas recomendado é de 80 cm a 1 m, podendo ser plantadas em fileiras duplas em zigue-zague – em canteiro de 1,2 m de largura e distância entre canteiros de no mínimo 1,5 m – ou em fileira simples com distância de 1,5 m entre fileiras.

    Segundo Batistella, o principal desafio do manejo do physalis é o seu tutoramento. “Por ser uma planta arbustiva e herbácea, seus ramos quebram se não forem apoiados ou amarrados com fitilhos, a retirada de brotos “fracos” (desbrota) deve ser realizada diariamente, deixando apenas os ramos mais grossos que produzirão frutos de melhor qualidade”, diz.

    As sementes para produção das mudas devem ser retiradas de frutos comerciais de boa qualidade (maior tamanho e melhor sabor), devem ser lavadas e secas à sombra, com ventilação por um ou dois dias para posterior semeio nas bandejas. O índice de “pegamento” é alto, acima de 90%.

    Os interessados no cultivo da fruta podem procurar a assistência da Emater-DF para obter mais informações e marcar uma visita ao cultivo. O contato pode ser feito pelo telefone 3339-6516 (Emater PAD-DF) ou pelo e-mail Emater.paddf@emater.df.gov.br.

    Carolina Mazzaro – Ascom Emater-DF

     

     

     

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