Etiene Carvalho – blogvinhotinto@gmail.com
Jornalista e editora do Blog Vinho Tinto
Sommelier Fisar, Especialista em Vinhos da França (FWS), especialista
em Vinhos da Califórnia (CWS) e (WSET)
Hoje, vou escrever sobre uma uva adorada por muitos brasileiros: a Carménère. Muita gente nem sabe, mas, essa é uma uva francesa que, no início do século XVIII,desfrutava de grande reputação e estava sempre presente nos melhores cortes de Bordeaux, de onde é originária. No entanto, tendo em vista os danosos efeitos da praga da filoxera (um dos mais desafiadores flagelos que se tem história no mundo do vinho e que devastou maciçamente os vinhedos europeus no final do século XIX) a Carménère praticamente desapareceu da França.
Considerada extinta por séculos, ela reapareceu de forma totalmente acidental em 1994 no Chile, onde estava sendo confundida com a uva Merlot. A partir de então, a Carménère passou a ser a marca registrada da vitivinicultura chilena. Esta variedade regional produz vinhos encorpados e de bom volume alcoólico, apresenta boa estrutura e taninos mais suaves que a Cabernet Sauvignon, por exemplo. Uma marca típica dessa variedade são seus aromas herbáceos, especialmente de pimentão verde. Um detalhe que faz com que essa uva seja amada ou odiada.
Curiosidade
É comum encontrar nomes diferentes para a mesma uva, até dentro de um mesmo país. Na verdade, podem se tratar de apelidos. O grande problema acontece quando os vinicultores começam a chamar uma casta pelo nome de outra por acharem realmente se tratarem ser a “outra” uva. (Neste caso, entra a figura do ampelógrafo – botânico especializado em examinar as videiras para identificá-las e classificá-las). No Chile, por exemplo, grande parte do que os produtores acharam ser Merlot era, na verdade, Carménère. Na Califórnia, descobriu-se que algumas das chamadas Pinot Blanc eram Melon de Bourgogne. Leia o livro Vines, Grapes and Wines (Videiras, Uvas e Vinhos) de Jancis Robinson e saiba mais interessantes estórias sobre o assunto.