Mês de férias escolares e a sugestão é de uma boa leitura com a meninada. Nesse século digital, onde você mal respira e já surgem novas tecnologias, as crianças estão muito voltadas para os smartphones, tablets, videogames, cada vez mais realistas, elas estão perdendo contato com os livros, principalmente, tudo que é impresso.
“O desafio para
conquistar leitores
é a mola que me
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impulsiona” – Dinorá Couto
No Cultura Ativa DF deste mês, entrevistamos a professora, pedagoga e escritora, Dinorá Couto, membro-fundadora da Biblioteca Braille Dorina Nowill, sede de seu trabalho voluntário com leituras. Dinorá é uma grande incentivadora da leitura e autora de diversos livros infantis e projetos literários, além de participar ativamente de congressos e seminários nacionais e internacionais, membro de várias academias, associações e grupos literários.
Com quatro livros infantis publicados – Paçoca de Avô (2013); Travessuras, A pipa que tomou banho (2014) e Lango e Tixa: Papo que espicha (2017), e mais um, em processo de ilustração, Dinorá afirma que escrever para o público infantil é participar do imaginário e da criatividade de ser criança.
Jornal do Planalto – Como é escrever para o público infantil?
Dinorá Couto – É ter momentos de emoção inimagináveis. É ter alegrias que fazem um bem imenso; é conviver com crianças curiosas pela história, é voltar ao tempo de infância e ver que poderia ter antecipado esses momentos para anos e anos antes, é ter encontrado minha maneira de viver feliz depois de duas décadas de aposentadoria sem nunca ter desvinculado do processo educacional. Escrever para criança é poder contribuir com uma educação lúdica que dá prazer aos pequeninos e, mais do que tudo, é ter uma responsabilidade bem maior com tudo que vai passar por meio das histórias contadas e ilustrações, é ter um olhar atento de amorosidade e cuidados com cada detalhe.
JP – Diante de uma realidade do público brasileiro, o qual gosta mesmo é de TV, segundo mostra pesquisa realizada pelo NOP World Culture Score Index, para medir “hábitos de #Mídia” em 30 países, o Brasil se classificou na 27ª posição no ranking de leitura. Qual sua perspectiva quando escreve, visto que, possivelmente, o mercado para o escritor parece não ser promissor?
Dinorá – Nossa, essa classificação mostra nosso país nos últimos lugares no ranking! Isso é sério, mas não difícil de reverter. Realmente, as tecnologias, hoje em dia, estão em alta, mas nunca penso nisso ao publicar um livro, pois a minha motivação maior para escrever livros é continuar essa missão de vida que encaro há 22 anos indo nas escolas públicas com oficinas de incentivo à leitura e levando minhas obras junto a outros autores. Já fui em uma escola pública, onde numa manhã de sábado autografei mais de 100 livros e o mérito disso foi a professora que atua na biblioteca da escola. Recentemente, autografei 45 em outra. E quando não há venda, a satisfação de ir em escolas continua, o desafio para conquistar leitores é a mola que me impulsiona. Se cada professor abraçasse a função de mediador de leituras o Brasil iria, com certeza, para os primeiros lugares do ranking.
JP – Qual a importância da leitura para a criança?
Dinorá – A leitura é a base de sucesso do processo ensino-aprendizagem. Ela opera milagres. Uma criança que ouve histórias desde pequenininha tem outros resultados quando ingressa na escola, e aquela que já lê fluentemente, mais ainda. Sem falar no prazer que a aprendizagem ocorre por meio das leituras contextualizadas, ela desenvolve bem mais sua criatividade, seu espírito crítico, vocabulário e sua comunicação com as pessoas, surpreende. Vejo isso, constantemente, nas escolas e em casa, como avó de 3 netos, que leem. A protagonista do meu primeiro livro já está uma mocinha e consome diariamente livros que ela mesma compra de acordo com seus interesses; os dois menores, protagonistas de mais 2 livros, contam histórias como ninguém e discutem livros lidos ou ouvidos. Viver num ambiente onde se fala em leituras e a estimule constantemente faz toda a diferença.
JP – O que fazer quando uma criança não gosta de ler?
Dinorá – Usar outras estratégias para cativar esses possíveis leitores. E, normalmente, dão certo. Pedir que leiam com o olhar de artista e depois usar as diversas linguagens artísticas para representar algo da história. Pedir que frequentem livrarias, feiras de livro, bibliotecas e trazer para a sala de aula os resultados dessas visitas ou até aquisições de livros que gostaram.
Compartilhando as experiências literárias fortalece o grupo, pois aquele que ainda está excluído, acaba querendo entrar nas discussões. Já vi isso ocorrer até com adultos/professores, imagine com crianças. Tudo depende do jeito de apresentar o produto livro/leitura, que nunca deve ser como mais uma obrigação, um dever a ser cumprido. Com toda a importância que ação de ler requer, mas buscando em cada um, o seu talento para indicar leituras que tenham a ver com seus interesses. O exemplo arrasta, o elogio atrai, portanto, fazer uso para fisgar os não leitores e depois, acompanhá-los, fidelizando para essa mania gostosa.
Durante anos, ao ministrar a oficina ‘Brincando de Biblioteca’, com o Programa Literário nas escolas públicas, com mais de 5 mil alunos do ensino fundamental, que já passaram pelas oficinas, pude constatar alunos que não gostavam de ler mudando a sua posição, com registro disso nas avaliações escritas e orais, ao final das oficinas. E, ao receber um certificado como multiplicador de leituras, reforçava o que iria fazer, mas com prazer!
JP – Que mensagem você deixaria para as crianças nessas férias?
Dinorá – Que coloquem leituras nos seus dias de férias, se é que ainda não provaram desse gostinho. Quem já tem essa mania, sabe bem do que estou falando e, principalmente, com esse frio que tomou conta do Distrito Federal, nesse inverno. Há mais de dez anos que dou dicas de leituras nas férias numa rádio local e sei como isso ajuda na aprendizagem no dia a dia, além de ser uma diversão acessível a todos, pois quem é que não tem uma biblioteca perto de casa? Ou uma livraria? Ou colegas que possam trocar boas obras lidas com vocês? Vale a pena, experimente!
JP – Onde podemos adquirir seus livros?
Dinorá – Para adquirir meus livros, entrem em contato comigo no whatsApp (61) 999701366 ou pelo email – dinoracouto@gmail.com, que os enviarei autografados. Na Biblioteca Braille Dorina Nowill, para leitura no local e em rodas de leituras para os deficientes visuais. E para venda, com a própria autora que visita escolas em oficinas ou em duas livrarias da cidade – Casa do Colegial e Livraria Visconde.
JP – Obrigada pela entrevista!
Dinorá – O prazer foi meu!
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Aproveite as férias com um bom livro!
Mostra “ENTRE NÓS – A figura humana no acervo do MASP” estreia em Brasília
Após temporadas com mais de 370 mil visitas nas cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, chegou a vez dos brasilienses apreciarem as obras reunidas na exposição “ENTRE NÓS – A figura humana no acervo do MASP”. Com patrocínio do GRUPO SEGURADOR BANCO DO BRASIL E MAPFRE, a mostra traz ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília o acervo do MASP, um dos maiores museus da América Latina.
Entre os dias 18 de julho e 18 de setembro, os moradores da capital federal terão a oportunidade de conferir mais de 100 obras que contam a história e a representação do homem e da sociedade ao longo dos séculos. Artistas nacionais e internacionais compõem a exposição, como Paul Cézanne, Pablo Picasso, Amadeo Modigliani, Vicent van Gogh, Anita Malfatti, Cândido Portinari e outros mestres. A curadoria é de Rodrigo Moura e Luciano Migliaccio, ambos da equipe do MASP.
Em Brasília, a exposição contará ainda com a presença das duas mais recentes obras adquiridas pelo MASP por meio de recursos aportados pelo GRUPO SEGURADORBANCO DO BRASIL E MAPFRE, via Lei Rouanet. As pinturas Candombe, de Pedro Figari, circa 1930, e O Artista, de Heitor dos Prazeres, 1959, passaram a integrar a coleção em abril deste ano e poderão ser apreciadas no CCBB do Distrito Federal.
Serviço:
“ENTRE NÓS – A figura humana no acervo do MASP”
Data: 18 de julho a 18 de setembro
De terça a domingo, das 9h às 21h
Local: CCBB Brasília (SCES, Trecho 02, lote 22)
Entrada gratuita
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Thaiza Murray culturaativadf@yahoo.com.br