O Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – fechou 2023 com o segundo maior déficit primário (rombo nas contas públicas) desde o início da série histórica. No ano passado, o resultado ficou negativo em R$ 230,54 bilhões, só perdendo para 2020, por causa da pandemia de covid-19.O déficit primário representa o resultado negativo das contas do governo sem os juros da dívida pública. Apenas em dezembro, o déficit primário somou R$ 116,15 bilhões.
O déficit de dezembro foi o maior já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1997. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Fazenda, os analistas de mercado esperavam resultado negativo de R$ 35,5 bilhões.
Em janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tinha anunciado um pacote para aumentar a arrecadação (aumentar ou criar impostos) e revisar gastos para “melhorar” as contas públicas e diminuir o déficit, sem reduzir as despesas, para cerca de R$ 100 bilhões em 2023. No fim de novembro, a Secretaria de Política Econômica informou que a previsão oficial de déficit primário estava em R$ 177,4 bilhões para este ano, podendo chegar a R$ 203,4 bilhões se considerada a metodologia do Banco Central.
Na comparação com o ano passado, as receitas caíram, se descontada a inflação, mas as despesas aumentaram em volume maior. Em 2023, as receitas líquidas subiram 2,3% em valores nominais. Descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no entanto, elas recuaram 2,2%. No mesmo período, as despesas totais subiram 17,7% em valores nominais e 12,5% após descontar a inflação.