O câncer de pele segue como o tipo de câncer mais frequente no Brasil, representando uma parcela significativa dos diagnósticos oncológicos anuais. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pele corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país.
Embora seja altamente prevenível e tratável quando identificado precocemente, ainda exige atenção, educação em saúde e acompanhamento especializado. O Dr. Eduardo H.K. Oliveira, dermatologista, especialista em Oncologia Cutânea e Cirurgia Dermatológica, esclarece as principais causas, fatores de risco, sinais de alerta e os avanços no tratamento da doença.
Radiação ultravioleta é o principal fator de risco
Segundo o especialista, a radiação ultravioleta (UV) permanece como o maior fator etiológico do câncer de pele. “Os raios UVA penetram profundamente na pele e provocam dano cumulativo, acelerando o envelhecimento cutâneo, enquanto os UVB são responsáveis pelas queimaduras solares e pelas alterações diretas no DNA celular”, explica o Dr. Eduardo.
A predisposição genética também desempenha papel relevante, especialmente em pessoas com mutações em genes supressores tumorais e determinadas síndromes hereditárias. A imunossupressão, seja decorrente de doenças ou de medicamentos, reduz a capacidade do organismo de identificar e eliminar células alteradas, favorecendo o desenvolvimento do câncer.
Entre os fatores não modificáveis, destacam-se pele clara, olhos claros, história familiar de melanoma e presença de nevos displásicos (pintas atípicas). Já entre os fatores modificáveis, estão a exposição solar excessiva e intermitente, histórico de queimaduras na infância e o uso de câmaras de bronzeamento artificial.
Além do sol: outros agentes também aumentam o risco
Embora a radiação UV seja o principal agente relacionado ao câncer de pele, o dermatologista chama atenção para outros fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença.
A radiação ionizante, infecções crônicas pelo HPV (sobretudo em mucosas) e processos inflamatórios persistentes também elevam o risco. Cicatrizes de queimaduras antigas, úlceras venosas crônicas e dermatoses inflamatórias persistentes também podem criar um ambiente propício para alterações celulares.
Pacientes em uso de imunossupressores – especialmente transplantados – possuem risco muito maior de desenvolver carcinomas cutâneos e devem manter acompanhamento rigoroso com dermatologista.
A importância do diagnóstico precoce
A identificação precoce é determinante para o prognóstico. O Dr. Eduardo reforça a importância da regra ABCDE do melanoma, que orienta a observação de:
• Assimetria
• Bordas irregulares
• Cores variadas
• Diâmetro superior a 6 mm
• Evolução (mudanças recentes na lesão)
Outros sinais que merecem atenção incluem lesões que não cicatrizam em 4 a 6 semanas, alterações em pintas já existentes, prurido, sangramento, nódulos de crescimento acelerado e lesões peroladas acompanhadas de vasinhos superficiais.
A frequência do acompanhamento dermatológico depende do risco individual. Pacientes de baixo risco devem realizar autoexame mensal e consulta anual, enquanto aqueles com histórico familiar de melanoma, presença de nevos atípicos ou imunossupressão precisam de acompanhamento mais frequente, muitas vezes com dermatoscopia digital para mapeamento corporal.
Tratamentos
O tratamento varia conforme o tipo e o estágio do tumor. Para carcinomas basocelulares e de células escamosas iniciais, a excisão cirúrgica com margens adequadas permanece como o padrão-ouro, com taxas de cura elevadas. Em casos de maior risco de recorrência, a Cirurgia Micrográfica de Mohs se destaca por permitir análise completa das margens durante o procedimento, garantindo maior precisão e preservação de tecido saudável.
No melanoma, a evolução das terapias sistêmicas tem mudado o prognóstico. A imunoterapia, com inibidores de checkpoint como pembrolizumab e nivolumab, revolucionou o tratamento de casos avançados. Já as terapias-alvo, como os inibidores de BRAF e MEK, são eficazes em melanomas com mutações específicas, ampliando as possibilidades terapêuticas.
Prevenção ainda é a maior aliada
Apesar dos avanços tecnológicos, o Dr. Eduardo reforça que a prevenção continua sendo o pilar mais importante no combate ao câncer de pele. A proteção solar diária, o uso de roupas adequadas, chapéus, óculos escuros e a conscientização sobre sinais suspeitos podem salvar vidas.
“Quando falamos em câncer de pele, informação e vigilância são tão importantes quanto a tecnologia. Diagnóstico precoce e acompanhamento regular fazem toda a diferença”, conclui o dermatologista.
Sobre o Dr. Eduardo H. K. Oliveira – médico dermatologista formado pela UnB (Universidade de Brasília). Cirurgião Dermatológico. Especialista em Oncologia Cutânea, Cirurgia Dermatológica e Cirurgia de Mohs no Reino Unido, no Royal Victoria Infirmary.
Insta: @dr.edudermatologista





