Queda da presença de produtos mais arrojados e preferência por empresas tradicionais marca momento
Os consecutivos reajustes da taxa básica de juros Selic, que encerrou 2022 fixada em 13,75%, favoreceram a rentabilidade dos produtos de renda fixa, reconhecidos como alternativas mais conservadoras de investimento. Paralelamente, as incertezas provocadas por um ano de eleições presidenciais também exigiram cautela de quem investe na renda variável.
Nesse cenário, o mercado financeiro brasileiro observou o crescimento de perfis com estratégias mais conservadoras ao longo do ano passado, como mostra pesquisa da Smartbrain. Enquanto a participação da renda fixa nas carteiras analisadas pelo estudo cresceu, a presença de produtos mais arrojados de renda variável, como fundos multimercados e criptomoedas, diminuiu.
Além disso, também foi observada a preferência por ações de empresas mais tradicionais e longevas no mercado, como a Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR4). O setor financeiro, considerado resiliente aos diferentes cenários econômicos, também ganhou destaque na carteira dos investidores por meio das ações do Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4) e da própria B3 (B3SA3).
A pesquisa da Smartbrain teve como base a análise da plataforma da empresa, responsável pelo processamento diário de 340 mil extratos de investimento. Em cifras, o número corresponde a R$ 250 bilhões em patrimônio.
O que é um produto conservador?
Os produtos financeiros são categorizados nas modalidades renda fixa e variável. A primeira reúne aqueles que o investidor sabe qual será a sua rentabilidade no momento do resgate. Na lista estão títulos públicos, certificados de depósito bancário (CDBs), letras de crédito imobiliário (LCIs) e do agronegócio (LCAs), dentre outros.
Na prática, os investimentos em renda fixa funcionam como uma espécie de empréstimo que o investidor realiza para resgatar o valor acrescido de juros. De acordo com a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), eles são considerados mais seguros, pois o emissor dos títulos públicos é o governo federal. Já os CDBs, as LCIs e LCAs têm cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Em geral, a desvantagem dos produtos de renda fixa é oportunizar uma menor rentabilidade quando comparados com a renda variável. Por isso, são recomendados para investidores com perfil conservador, que priorizam a segurança em relação ao retorno financeiro.
Já a renda variável reúne produtos mais arriscados, pois na hora de investir não há certeza sobre qual será a rentabilidade. Nessa categoria estão ações, criptomoedas, fundos imobiliários (FIIs) e fundos de índice (ETFs).
Cada um dos produtos tem características próprias. As criptomoedas são recomendadas para investidores mais arrojados por sua maior volatilidade, o que pode provocar uma supervalorização ou uma perda financeira maior.
Ações também sofrem oscilações de acordo com as variações do mercado. Por isso, a orientação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) é que os investidores analisem o histórico e o desempenho das companhias antes de investir. Empresas longevas e tradicionais são uma opção para uma estratégia mais conservadora de investimento.
Os FIIs e os ETFs são as opções mais seguras dentro da renda variável, conforme a Abefin. Os primeiros investem em participações de imóveis, garantindo aos cotistas duas possibilidades de remuneração: o recebimento de dividendos e/ou a venda da cota após sua valorização.
Já os ETFs são fundos que reúnem diferentes tipos de ativos. Pela composição diversificada, oferecem a possibilidade de um equilíbrio maior entre perdas e ganhos diante das variações do mercado financeiro.
Por onde começar?
A Abefin defende que investir é a forma de fazer o dinheiro poupado render e que este é o caminho para a realização de sonhos materiais. Por isso, aconselha que as pessoas estudem sobre educação financeira e coloquem o aprendizado em prática para tornar o investimento possível.
Antes de começar a investir, a Anbima orienta que é preciso reconhecer o seu perfil como investidor — conservador, moderado ou arrojado — e as características dos produtos financeiros para fazer escolhas alinhadas com os objetivos pessoais.
(Foto: Kampus Production/Pexels)