Do cálculo estrutural ao acabamento, cada decisão influencia na segurança, no conforto e na estética da escada
Em projetos de arquitetura e interiores, além de conectar níveis, as escadas cumprem diversas funções: conduzem o olhar, criam percursos visuais memoráveis e podem até se transformar em verdadeiras esculturas permanentes da casa. No entanto, por trás da leveza de cada degrau, existe uma engenharia precisa, que envolve cálculos estruturais, ergonomia e, sobretudo, criatividade.
Para Alexandre Pasquotto, que junto da arquiteta Mariana Meneghisso comanda o escritório Meneghisso & Pasquotto Arquitetura, “cada escada é um desafio técnico e estético único. É uma parte da obra em que o cálculo e o design precisam conversar o tempo todo”, diz o especialista e apaixonado pelo tema.
Por essa razão, a dupla elenca pontos fundamentais que devem ser considerados no planejamento de qualquer escada.
A base de tudo
Segundo Alexandre Pasquotto, o primeiro passo é o dimensionamento estrutural, que define como a escada será apoiada e quais esforços precisará resistir. Seja um tipo de concreto ou madeira, o cálculo deve prever cargas, reforços e ancoragens para garantir estabilidade e evitar vibrações ou fissuras. “Quando o cálculo é bem-feito, a escada parece leve, mas é extremamente sólida. Esse equilíbrio é o que diferencia um projeto técnico de uma obra não qualificada”, explica o arquiteto.
Além da estrutura, a proporção entre o piso e o espelho (altura) precisa ser bem calculada, pois pequenas variações comprometem o ritmo da subida e podem gerar incidentes, especialmente para idosos e crianças. “Essas medidas parecem simples, mas envolvem muitos cálculos e testes para chegar à proporção ideal. É o tipo de detalhe que faz diferença no uso cotidiano, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida”, explica Alexandre Pasquotto.
Outros fatores importantes são a largura mínima, o patamar de descanso em escadas longas e a altura correta dos corrimãos e guarda-corpos, conforme as normas da NBR 9050 e NBR 9077. Os guarda-corpos podem ser de vidro temperado, aço inox, ferro ou madeira. “Isso não é apenas um item de segurança, mas um detalhe de acabamento que compõe o visual da escada. Um guarda-corpo bem desenhado pode transformar o conjunto em um ponto de destaque do projeto”, afirma Alexandre.
Materiais que fazem diferença
Cada material traz características de comportamento estrutural próprios, mas o que vai definir se as escadas serão leves, esbeltas, robustas ou escultóricas, depende principalmente do cálculo estrutural e do conceito do projeto. De forma geral:
· Concreto armado: permite diferentes disposições estruturais e aceita diversos tipos de revestimento.
· Madeira: oferece conforto térmico, além de um apelo sensorial marcante.
· Metal: favorece detalhes marcantes.
· Vidro ou pedra natural: são associados a sofisticação e criam integração visual.
Além da estrutura, o revestimento precisa garantir aderência e resistência, especialmente em áreas molhadas. Nas áreas externas, o ideal é prever drenagem e revestimentos antiderrapantes.
Integração estética
A escada deve dialogar com a linguagem do projeto: os modelos em L, U, helicoidais, plissados, flutuantes ou autoportantes são escolhidos conforme o layout e o pé-direito do ambiente. “A escada pode ser o foco ou discreta, o importante é que ela faça sentido dentro do conjunto arquitetônico. Quando o cálculo, o material e o desenho trabalham em conjunto, o resultado é coerente e expressivo dentro do projeto”, observa Mariana Meneghisso.
Detalhes como iluminação embutida nos degraus, corrimãos contínuos, nichos decorativos e acabamentos personalizados reforçam o sensorial e o conforto dos ambientes.
Atenção profissional e acompanhamento de obra
Por envolver tantos fatores técnicos, Alexandre reforça que o projeto de escadas deve ser sempre conduzido por profissionais habilitados, seja com o olhar de um arquiteto ou engenheiro estrutural. Durante a execução, é essencial acompanhar etapas como a armação da estrutura, o nivelamento dos degraus e o encaixe dos acabamentos.
“O segredo está no acompanhamento de perto. Cada detalhe da ferragem à espessura do degrau influencia no resultado. Uma escada bem construída é para a vida toda”, finaliza Alexandre Pasquotto.
Sobre a Meneghisso & Pasquotto Arquitetura
Com referências importantes na viabilidade executiva do projeto, somado a formação afinada em forma e estética, a dupla de arquitetos se completa na criação e concepção dos trabalhos. O escritório atua em projetos residenciais, comerciais e corporativos. Tendo como premissa produzir soluções, através de projetos autorais funcionais, atemporais, nos diversos vieses estéticos e de estilo, que traduzam boa arquitetura e a personalidade do cliente.
Em 2025, o escritório fez sua estreia na CASACOR São Paulo, o maior evento de design, arquitetura e decoração das Américas, com o banheiro Natureza em Essência.
Mariana Meneghisso. Arquiteta Urbanista pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Design de Interiores pela Escola Panamericana de Artes. Pós Graduada em Responsabilidade Civil pela Fecaf, Pós Graduada em Neuroarquitetura pela Ipog, Especialista em Perceptual Design pelo Instituto Politécnico de Milão. Membro da Academy of Neuroscience for Architecture Brasil. Sócia da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura desde 2005.
Alexandre Pasquotto. Arquiteto Urbanista pela Universidade Bandeirantes de São Paulo, Técnico em Edificações pela E.T.E. Júlio de Mesquita, Pós Graduado em Cálculo Estrutural pela Ipog, atua na construção civil residencial, industrial e corporativa desde 1992, consultor em dimensionamento, viabilidade e custos no ramo civil. Sócio desde 2004 da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.
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