sexta-feira, 4 outubro, 2024
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    Reeleição de Maia ameaça coesão da base aliada

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    Em ano de votações cruciais para o Palácio do Planalto no Congresso, o presidente Michel Temer pode começar 2017 tendo de contornar uma crise na própria base aliada. Com a judicialização da disputa pela presidência da Câmara e a preferência velada do governo pela reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ), a briga pelo comando da Casa deve abrir fissuras na relação entre aliados, colocando em xeque o andamento das reformas da Previdência e trabalhista.

    Em ampla movimentação para desarticular os partidos do Centrão, Maia já vem recebendo sinais de que poderá receber o apoio de legendas que compõem o bloco informal, como PR, PRB e PP. Candidato ao cargo, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), apresentou uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) questionando a possibilidade de reeleição de membros da Mesa Diretora, mas o colegiado só voltará a deliberar após 1.º de fevereiro, data da eleição.

    O deputado deverá insistir com a Mesa sobre a possibilidade de convocação extraordinária da CCJ em janeiro para analisar a consulta antes da eleição. Ele também já cobrou a divulgação do calendário e dos procedimentos previstos para a votação. Ainda assim, Rosso e o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), outro candidato da base aliada de Temer, esperam mesmo uma eventual decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello que inviabilize Maia.

    “Estou vendo ministros já se metendo, e isso é negativo”, disse Jovair, que afirmou ter percebido uma “preferência por parte do governo”. Ainda assim, o líder do PTB disse que vai procurar Temer para insistir que ele não atue nos bastidores em favor de Maia. “Vou dizer que minha candidatura é irreversível e vou pedir, mais uma vez, sua isenção.”

    Foi em um cenário de interferência do governo em favor de seu candidato que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi eleito presidente da Câmara em 2015. O peemedebista derrotou o petista Arlindo Chinaglia (SP), preferido da então presidente Dilma Rousseff, e assumiu uma postura de oposição, impondo derrotas sucessivas à gestão petista. “Não haverá fissura na base porque o governo vai ficar de fora do processo”, disse o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE).

    Inquietação
    Apesar de o Centrão já ter ensaiado uma rebelião na base contra a possibilidade de indicação do tucano Antonio Imbassahy (BA) para a Secretaria de Governo – quando ameaçou obstruir a votação da admissibilidade da PEC da reforma da Previdência -, aliados do governo admitem que a disputa causará “inquietação e aborrecimentos”, mas apostam que qualquer princípio de crise pode ser contornado com a oferta de alternativas de acomodação do bloco, seja na estrutura da Câmara, seja no Executivo.

    “Sem governo, eles (do Centrão) têm muita dificuldade”, disse um cacique governista. A análise é de que o PTB não é grande o suficiente para causar estragos para o governo – já que tem uma bancada de apenas 18 deputados – e Rosso “não tem o tamanho que diz ter”.

    Enquanto os mais otimistas vislumbram um horizonte de conciliação, os candidatos do Centrão mostram disposição para confrontar Maia. Jovair avisou que, assim que a candidatura do deputado do DEM for registrada, ele vai entrar com mandado de segurança no STF com pedido de liminar para barrá-lo. “Esse cara está usando do casuísmo, rasgando a Constituição e o regimento da Casa.”

    O líder do governo fez um apelo para que a eleição interna não atrapalhe a agenda do governo. “Eles (candidatos) sabem que não podem querer contaminar a base por causa da disputa”, disse Moura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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