Por Rodrigo Costa*
Há 46 anos, os Emirados Árabes Unidos (EAU) declaravam sua independência. Para celebrar a história, no espírito de uma união criada com o propósito de alcançar a prosperidade daquela nação, a embaixadora Hafsa Abdullah Al Ulama, promoveu em Brasília, evento oficial em torno da data festiva, comemorada pelos emiradenses sempre na primeira quinzena de dezembro. Embora a data em si não traga nenhuma correlação direta com o Brasil, é curioso perceber o quanto os EAU se aproximaram do mundo ocidental. E para estabelecer esta conexão, o país tem sido competente ao utilizar os recursos advindos do petróleo para se autopromover e transformar a região em um grande centro de turismo, esportes e lazer.
Independência, união e prosperidade são comemoradas pela embaixadora dos Emirados Árabes Unidos em evento de confraternização em Brasília.
Talvez a maior vitrine do país seja a Companhia Aérea Emirates. Com uma forte política de patrocínios esportivos, a empresa está presente em várias modalidades mas elegeu o futebol como a plataforma de destaque em sua estratégia. Real Madrid C.F., da Espanha; S.L. Benfica, de Portugal; Arsenal FC, da Inglaterra; Paris Saint-Germain, da França; Hamburger SV, da Alemanha; AC Milan, da Itália e Olympiacos FC, da Grécia, são equipes do seu portifólio. Com os vínculos emocionais que o esporte proporciona e a quantidade de fãs associada aos times, tem-se uma rede de relacionamento para geração de negócios considerável. Estima-se que apenas o Real Madrid, do melhor do mundo Cristiano Ronaldo, possua uma base global de 500 milhões de torcedores. Também podemos considerar outros aspectos, como a representatividade do PIB dos países sede das equipes, estimada em 14 trilhões de dólares, ou a variedade cultural e linguística da região, reverberando as ativações da Emirates em diversos idiomas e em escala global. Fly Emirates! Voe Emirates!
O futebol é amplamente utilizado como
plataforma de relacionamento para promoção
do país em diversos idiomas.
Ainda no campo do futebol, o país está sediando o Mundial de Clubes da FIFA, onde Grêmio e Real Madrid, os principais expoentes da competição, disputam o título de melhor clube do planeta. Esta será a terceira vez que os EAU sediam o evento, o que se repetirá em 2018. O futebol na Ásia, impulsionado pelos investimentos chineses, também está coberto, com o patrocínio da Asian Football Confederation (AFC), que organiza os principais campeonatos daquele continente e congrega países economicamente importantes como Japão, Coréia do Sul, Arábia Saudita e mais recentemente, a Austrália, que reivindicava sua inclusão na AFC há muitos anos.
Grêmio e Real Madrid fizeram a final do
Mundial de Clubes da FIFA em Abu Dhabi.
A Fórmula 1 também realiza a sua etapa final
em circuito emiradense.
Velocidade também é a alma do negócio e o automobilismo compõe a linha de investimentos. Além de sediar uma das etapas da Fórmula 1, no moderníssimo circuito de Yas Marina em Abu Dhabi, os EAU possuem um dos maiores parques temáticos cobertos do mundo, o Ferrari World, com 86 mil metros quadrados. A maioria das atrações, inclusive a Formula Rossa, montanha-russa que chega a 240 km por hora, remete a mítica escuderia italiana, um dos ícones que povoam o imaginário humano. Abu Dhabi deixou Maranello no chinelo.
Outras formas de divulgação do país incluem o cinema de entretenimento e a cultura. O edifício mais alto do mundo, o Burj Khalifa Bin Zayid, em Dubai, com seus 828 metros de altura é uma ode à engenharia moderna e contou com a participação de sul-coreanos, belgas, americanos e alemães que trabalharam em seu projeto e construção. Além de ser um dos principais pontos turísticos da cidade, o prédio foi o cenário de cenas eletrizantes no quarto filme da franquia “Missão Impossível”, quando o próprio ator Tom Cruise, dispensando dublês, escalou suas torres. Já o quadro “Salvator Mundi”, do pintor Leonardo da Vinci, arrematado por um príncipe saudita por 450 milhões de dólares, em breve será exposto em Abu Dhabi, na primeira filial do Museu do Louvre. Este foi o maior valor já pago por uma obra em um leilão de arte e é a única peça do gênio italiano que está em uma coleção privada.
Artes e cultura, a indústria do cinema e
sustentabilidade também compõem a linha de
investimentos para atrair visitantes.
Os Emirados Árabes Unidos não param de surpreender e incitam nossa imaginação. Sabemos que o petróleo, por maiores que sejam as reservas, é um recurso finito. Neste sentido, o país investiu 22 bilhões de dólares para que, a partir de 2020, Masdar seja a primeira cidade inteligente do mundo, com emissão zero de gás carbônico, sistema de transporte elétrico, luz solar como fonte de energia renovável, climatização com aproveitamento das brisas oceânicas do Golfo Pérsico e dessalinização do mar para o consumo de água potável. Parafraseando slogan da Ferrari, ”Only those who dare, truly live.” Apenas aqueles que se atrevem, vivem verdadeiramente. Afivelem os cintos e sejam bem-vindos.
*Rodrigo Costa é estrategista de marketing especializado nas áreas de bens de consumo, educação, esportes, logística, tecnologia da informação e telecomunicações. É sócio da RC Marketing e Consultoria.