Conhecido como “suquinho”, anabolizantes estão virando febre nas academias, principalmente entre os mais jovens. Foto: Freepik
Com a virada do ano, academias em todo o país lotam de pessoas determinadas a conquistar o tão sonhado corpo ideal. Esse fenômeno ganha ainda mais intensidade com a proximidade do Carnaval, momento em que muitos buscam exibir formas mais definidas e musculosas. Para acelerar os resultados, alguns recorrem aos anabolizantes, drogas que prometem ganho rápido de massa muscular, mas que cobram um preço alto para a saúde – e, em especial, para a fertilidade masculina.
O médico João Guilherme Grassi, especialista em fertilidade, alerta para os riscos associados ao uso dessas substâncias.
“Os anabolizantes comprometem significativamente a produção de espermatozoides. Isso pode levar à infertilidade, em alguns casos de forma permanente. O organismo para de produzir os hormônios FSH e LH, cessando assim a produção natural de espermatozoides e testosterona.”
Os anabolizantes são derivados sintéticos da testosterona, o hormônio que, além de ser responsável pelas características sexuais masculinas, desempenha um papel fundamental na produção de espermatozoides. Ao consumir essas drogas, o organismo recebe uma quantidade excessiva desse hormônio de forma externa, o que faz com que ele reduza ou até suspenda a produção natural. Esse desequilíbrio impacta diretamente a qualidade e a quantidade dos espermatozóides, dificultando a possibilidade de engravidar.
“Nós também vemos casos de disfunção erétil e perda de libido em pacientes que usam anabolizantes, porque o excesso de esteroides desregula todo o sistema hormonal masculino”, destaca Grassi.
Além disso, outros efeitos colaterais incluem o encolhimento dos testículos e o aumento do risco de desenvolvimento de alterações como a ginecomastia, que é o crescimento anormal das glândulas mamárias em homens, sem contar em aumento expressivo de doenças cardiovasculares como infarto ou isquemia cerebral.
Embora alguns dos danos possam ser reversíveis ao interromper o uso das substâncias, a recuperação hormonal pode levar meses ou até anos, dependendo da duração e da quantidade de anabolizantes consumidos. Em alguns casos, mesmo com tratamento, os efeitos podem se tornar permanentes.
Para aqueles que buscam resultados na academia, o médico recomenda adotar um caminho mais saudável.
“Resultados reais e duradouros vêm de disciplina, boa alimentação e acompanhamento profissional. O uso de anabolizantes pode ser um atalho, mas as consequências são sérias e, muitas vezes, irreversíveis”, conclui.