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sexta-feira, 26 abril, 2024
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    Balanço Social e os Impactos do Voluntariado Corporativo

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    *Por Rodrigo Costa

    Chegado o fim de ano, é natural promovermos um balanço de tudo que produzimos ao longo do exercício. Analisamos os números alcançados, as metas realizadas e os desafios vencidos, sabendo que 2017 foi um ano difícil, em que o Brasil ainda não se livrou, por completo, dos percalços da crise econômica. Mas também é momento para reflexões morais, éticas e sociais, de enxergar as pessoas e comunidades carentes à nossa volta e avaliar o que fizemos ou que podemos fazer para ajudá-las enquanto líderes, gestores e executivos que produzem a riqueza do país. Acredito no trabalho, no empreendedorismo e no engajamento social como os verdadeiros motores da transformação da sociedade e no voluntariado corporativo como meio para impactar positivamente o mundo para além dos produtos, serviços e tecnologias que desenvolvemos.

    Pesquisa realizada pelo Bank of America Merrill Lynch e pela Consultoria Santo Caos, com o apoio do Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV) no Brasil, envolvendo representantes de 80 empresas de 29 setores da economia, traz informações significativas sob o papel do voluntariado nas organizações: 89% dos gestores entrevistados considera que o voluntariado corporativo faz a pessoa ser um profissional melhor; 16% dos funcionários voluntários são mais engajados com o empregador; 93% dos voluntários corporativos sentem-se reconhecidos em seu trabalho; 62% dos entrevistados consideram que programas de voluntariado são um grande diferencial na escolha de um emprego; e 77% dos voluntários já levaram alguém para ações de voluntariado. Segundo a ONU, o voluntariado corporativo é uma das principais ferramentas de mudança para atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável, mas ainda não tem o peso estratégico que deveria ter.

    Apenas 18% da população brasileira pratica voluntariado, o que nos coloca na sétima posição no ranking da América Latina.

    O relatório, intitulado Além do Bem, traz ainda o “raio-X” do voluntariado corporativo: 58% são mulheres; 65% concentra-se na idade de até 33 anos; gerentes, diretores e presidentes somam 20% de participação e as empresas grandes, com mais de 500 funcionários, 58%; a região Sudeste responde por 61% dos voluntários; 32% atua há cinco anos ou mais; e 37% dedica de oito a quarenta horas anuais. Também foram identificados cinco perfis de voluntários. O do tipo Selfie distancia-se da atuação profissional e tem fidelidade média à causa que defende, embora sinta-se realizado com o que faz. Com a chancela Tradição, este voluntário geralmente serve há mais de cinco anos, concentrando-se em atividades pontuais que cumpre religiosamente, uma ou duas vezes ao ano, sempre vinculado aos mesmos projetos. O denominado Discovery procura conhecer novas realidades, tem grande empatia pelas histórias em que se envolve e busca sentimentos de gratidão. Ganha-ganha é o perfil com menor tempo de atuação, mas está próximo do exercício da profissão. Participa das ações de várias maneiras e com boa frequência, embora se dedique com menos intensidade. Já o Missionário possui os maiores índices de fidelidade e tempo às causas que defende e de engajamento com o voluntariado, buscando o benefício da satisfação social e portando-se como embaixador dos programas que promove ou participa.

    Gerentes, diretores e presidentes somam 20% de participação no voluntariado corporativo.

    Classificado em um dos perfis do estudo, sou voluntário do Programa Mãos Que Ajudam, proposta permanente de auxílio humanitário e de serviço comunitário que mobiliza milhares de membros e amigos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em parceria com empresas privadas, órgãos de governo, veículos de comunicação, ONGs e instituições religiosas. Reformas em escolas públicas; assistência a hospitais, orfanatos, creches e asilos; recuperação e limpeza de praças, parques e praias; doação de sangue e de cadeiras de roda; mão de obra voluntária e ajuda material em situações de emergência e calamidade pública têm sido alguns dos campos de atuação. Além de assistir pessoas em estado de vulnerabilidade, serviços de autossuficiência promovem conteúdos relacionados à Educação, Emprego, Negócio Próprio e Finanças Pessoais orientando mudanças na perspectiva de vida daqueles que estão em idade produtiva. Na última terça-feira do ano, dia 26 de dezembro, tive o privilégio de participar da entrega de roupas, brinquedos e “Naninhas” confeccionadas artesanalmente, para uma creche localizada na Cidade Estrutural, uma das mais pobres regiões administrativas de Brasília. Em todo o Brasil, cerca de 600 projetos de voluntariado são realizados ao longo do ano, em mais de 2,5 milhões de horas de prestação de serviços, com o objetivo de dedicar tempo, talentos e recursos aos menos favorecidos e aos indivíduos com dificuldades ou limitações temporárias ou circunstanciais.

    Personagens infantis como Mônica, Linus e Caillou carregam consigo suas “naninhas”. O objeto serve de suporte emocional para as crianças em momentos de separação ou solidão.

    Antes de realizar qualquer ação social é importante conhecer o público e a região atendidas. A Cidade Estrutural teve sua origem em uma invasão de catadores de lixo, próximo ao aterro sanitário do Distrito Federal, existente há décadas naquela localidade e que se tornou um dos maiores da América Latina. Pessoas atraídas para o lixão em busca de meios de sobrevivência foram ali construindo seus barracos para moradia. Para se ter uma ideia das características socioeconômicas desta região, 63,23% da população tem entre 15 e 39 anos de idade; a maioria dos moradores não concluiu o ensino fundamental; menos de um quinto (1/5) das famílias encontra-se em terreno regularizado, com os imóveis próprios quitados ou em processo de aquisição não chegando a cinco por cento; a atividade remunerada da população urbana é mais voltada para os serviços gerais, com cerca de 50% dos ocupados na condição de autônomos; 82,11% da renda domiciliar é composta por um a cinco salários mínimos mensais e o grupo de domicílios com renda de dez a 20 salários não chega a um por cento. Esta é a triste realidade que envolve a cidade. Com a mobilização civil, em prol de melhores condições de vida para aquela população, o cenário poderá mudar.

    A Cidade Estrutural é uma das mais carentes regiões administrativas do Distrito Federal e ficou conhecida em todo Brasil pelo seu famoso lixão.

    Educação, emprego, saúde, segurança e lazer, muito mais que demandas clichês, são, de fato, a necessidade premente para transformar a vida das pessoas. Colocar os menos favorecidos como protagonistas de sua própria autossuficiência é o caminho que os levará ao desenvolvimento. E as empresas podem contribuir de forma decisiva para este processo. A boa notícia? Dois terços (2/3) das pessoas que nunca foram voluntárias gostariam de praticar o voluntariado. Avante Brasil!

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    *Rodrigo Costa é estrategista de marketing especializado nas áreas de bens de consumo, educação, esportes, logística, tecnologia da informação e telecomunicações. Além de executivo, é sócio da RC Marketing e Consultoria.

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