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sexta-feira, 26 abril, 2024
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    Crise e cortes no orçamento ameaçam Orquestra Sinfônica de Brasília

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    Grupo é um dos mais tradicionais do país. Músicos estão sem sede e tiveram destinação de recursos para concertos reduzida no atual governo. Em 2015, nada foi investido.

    Desalojada e enfrentando cortes no orçamento, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, de Brasília, vai encerrar 2016 lutando para se manter em atividade. A crise na economia e o rombo bilionário nas contas do Distrito Federal ameaçam um dos grupos de música clássica mais tradicionais do país, que está sem dinheiro para contratar músicos, trocar equipamentos e realizar concertos.

    A única verba do GDF aprovada neste ano para shows da orquestra foi para viabilizar as Cantatas Festivas, em cartaz desde a última quinta-feira (15) na Torre de TV. O evento custou R$ 249,7 mil para montagem de palco e pagamento de cachê de músicos convidados. No ano passado, a situação foi ainda pior: nenhum repasse foi feito além do previsto para pagamento de pessoal.

    Com a interdição do Teatro Nacional desde 2014, a orquestra também ficou “sem casa”. O principal palco da cidade e um dos monumentos mais importantes da Esplanada dos Ministérios fechou as portas por recomendação do Ministério Público. O órgão considerou que a deterioração na obra de Oscar Niemeyer era perigosa para os frequentadores.

    Custo alto
    Em nota, a Secretaria de Cultura não explicou o motivo dos cortes no orçamento e nos investimentos destinados à sinfônica. Segundo a pasta, a demora na reforma do Teatro Nacional Cláudio Santoro se deve ao alto custo da obra, estimada em 2014 em R$ 220 milhões. De acordo com a secretaria, não há recursos nem prazo previsto para iniciar a reforma.

    “A demora em realizar a reforma do Teatro é porque o valor é extremamente alto, fazendo a obra ser inviável para a realidade atual do DF. Além disso, havia outras obras mais urgentes que demandariam custos viáveis”, informa o comunicado. A pasta não informou os gastos com folha de pagamento nem o total de recursos destinados à orquestra até 2014, antes do início da gestão do governador Rodrigo Rollemberg.
    Líder da Orquestra Sinfônica, o maestro Cláudio Cohen critica a falta de investimentos. Em entrevista ao G1, ele disse reconhecer que os custos desse tipo de música são altos, mas defendeu a necessidade de aplicação de recursos na cultura.

    Seleção sem estádio
    Por causa da demora na reforma, o grupo usa o Cine Brasília para ensaiar. A sala de cinema na Asa Sul projetada por Niemeyer foi reformada em 2013. Neste ano, o Palácio do Buriti gastou R$ 109 mil para adaptar o cinema aos músicos de forma provisória.

    “A acústica (do Cine Brasília) não é a ideal”, disse Cohen. Segundo o maestro, a qualidade dos concertos também se deve ao lugar de ensaios e apresentações. “A personalidade das orquestras no mundo é medida pela sua força ou suavidade, e isso depende do lugar em que se apresentam”, defendeu.

    Desde o início do ano, a Orquestra firmou parcerias com outras instituições para continuar trabalhando. As apresentações só foram possíveis com o apoio da Arquidiocese de Brasília e das Forças Armadas, que cederam o Santuário Dom Bosco, na W3 Sul, e o Teatro Pedro Calmon, no Setor Militar Urbano. Algumas embaixadas também ajudaram.

    Alta temporada
    Mesmo improvisada, a temporada de 2016 da Orquestra chegou a atrair mais de 5 mil estudantes da rede pública de ensino em concertos didáticos. A estimativa é que os concertos de gala e os realizados ao longo do ano no Santuário Dom Bosco atraíram o mesmo número de espectadores. “Foi importante para levar o nosso trabalho a outros palcos”, disse Cohen.

    A maioria dos concertos é gratuita. Em uma das temporadas, a Orquestra homenageou os países da América Latina sob a regência do maestro colombiano Felipe Aguirre, da Orquestra Filarmônica de Bogotá. Um dos poucos eventos pagos neste ano foi uma apresentação beneficente para arrecadar fundos de apoio a um músico da cidade que foi diagnosticado com câncer.

    De acordo com o maestro, todo o orçamento anual do governo é destinado atualmente para pagamento de pessoal. A Orquestra, fundada em 1979, é composta por 70 músicos concursados e com salário inicial de R$ 5,9 mil, além de outros profissionais que dão suporte ao grupo. Com muitos integrantes prestes a se aposentar, Cohen aguarda a nomeação de novos músicos, aprovados em um concurso em 2014.

    Problema nacional
    Outras orquestras e bandas de música clássica enfrentam problema semelhante no país. Nesta semana, os músicos da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo disseram, pelas redes sociais, que o conjunto teria suas atividades suspensas em janeiro do ano que vem. A Secretaria de Cultura do Estado, que mantém o grupo, ainda avalia se mudanças no orçamento implicarão em mudanças para a banda.

    Por Gustavo Aguiar, G1 DF

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