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Assistência técnica e tecnologias alavancam produção de morangos do DF

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Nos últimos anos, a cultura do morango obteve vários avanços, principalmente em variedades, técnicas de manejo e de produção. E isso possibilitou que a produção expandisse no Distrito Federal, região que não tinha tradição no seu cultivo. Em 1995, quando surgiu a Festa do Morango, eram 60 produtores que cultivavam a fruta na região de Brazlândia em 60 hectares de produção. Atualmente, a área de produção no DF é de quase 180 hectares, com 220 produtores. A estimativa é que em 2020 a safra chegue a 7 mil toneladas.

O papel da Emater-DF em conjunto com instituições de pesquisa foi fundamental para aportar conhecimentos nas diferentes áreas, de modo a dar condições ao agricultor de ter boa rentabilidade e garantir a sustentabilidade na sua área de produção. Com resultados cada vez mais positivos na produção, mais produtores passaram a cultivar morangos.

“Pode-se destacar como principal fator do desenvolvimento da produção de morangos no DF a introdução de novas variedades, com adaptabilidade na região, bem como tecnologias como irrigação por gotejamento, fertirrigação, microtúneis e manejos biológicos”, conta o gerente da Emater-DF em Alexandre de Gusmão, Hélio Lopes.

Irrigação por gotejamento

A quantidade de água demandada pela irrigação aumentou muito nos últimos anos, paralelamente à preocupação governamental com o uso dos recursos hídricos e energéticos. Nesse contexto, deve-se recorrer ao uso de métodos e técnicas de irrigação que minimizem o consumo de água e energia na produção agrícola.

O sistema de irrigação por gotejamento caracteriza-se pela aplicação de água em pequena quantidade e alta frequência na região radicular da planta. A irrigação por gotejamento tem apresentado vantagens em comparação com o sistema de aspersão, pois não aplica água sobre toda a área irrigada. Além disso, a irrigação por gotejamento tem potencial para atingir elevada uniformidade, possibilitando a aplicação de adubos via água de irrigação (fertirrigação).

Semi-hidroponia

O cultivo protegido semi-hidropônico é aquele em que o cultivo é feito em substrato (mistura de resíduos vegetais). Apesar de ter um custo mais alto para implantação, é uma boa opção para os agricultores que possuem área pequena para cultivo. “Para evitar a contaminação do morango pelo solo, é preciso fazer uma rotação de culturas, e para quem tem pouco espaço, nem sempre é viável. O cultivo protegido semi-hidropônico diminui o risco de doenças nas plantas e pode-se colher por um ano e meio a dois anos, enquanto o cultivo convencional, no solo, vai só de maio a setembro”, explica Lopes.

Outra vantagem está relacionada ao bem-estar dos trabalhadores, que não precisam abaixar para o manejo e colheita. Entretanto é uma técnica ainda pouco usada no DF – apenas três produtores produzem nesse sistema.

Controle biológico de pragas

A Emater-DF tem buscado levar ao agricultor tecnologias para redução no uso de agrotóxicos e inovações para melhorias da produção.

O controle biológico consiste em colocar inimigos naturais que comem os insetos adultos e os ovos do ácaro-rajado, principal praga do morango no DF, especialmente no período seco e quente do ano. A adoção desse controle pode obter até 80% de eficiência se a liberação dos inimigos naturais for feita no momento adequado e na quantidade correta. Dessa forma, é possível contribuir para a redução do número de pulverizações de produtos químicos.

A técnica exige um manejo cuidadoso por parte dos produtores como, por exemplo, realizar inspeções semanais na lavoura para observar os resultados.

Produtoras rurais se destacam na liderança em atividades no campo

Trabalhadoras rurais apostam no campo e superam dificuldades

Seja na agricultura, na pecuária, na agroindústria ou na administração, existem mulheres protagonizando histórias de sucesso e superando obstáculos no meio rural. Diante do cenário de lutas dessas mulheres, no último ano,  a Câmara Legislativa do DF instituiu a Semana Distrital da Mulher Trabalhadora Rural, realizada anualmente no mês de agosto, com objetivo de valorizar essas guerreiras do meio rural.

No Distrito Federal, o campo é formado por mulheres com nome, sobrenome, endereço e muitas histórias de superação, empreendedorismo, empoderamento e liderança no meio rural. Mariza Matsui, no PAD-DF, Eliege Cola Altoé, no Núcleo Rural Tabatinga, e Luzia Rodrigues de Souza, no Assentamento Contagem, são algumas das mulheres, acompanhadas pela Emater-DF, que representam a agropecuária brasileira na capital.

Nascida e criada no campo, Mariza Matsui, 61 anos, produtora na região do PAD-DF, garante ser realizada na profissão herdada dos pais.  Trigo, milho, alho, cenoura, tomate, ervilha e sorgo são alguns dos cultivos feitos na propriedade de Mariza, produtora que também é pecuarista. Gado leiteiro, suínos, frango de corte e ovos também fazem parte da rotina de cuidados em sua fazenda.

Mãe de três filhos, avó de cinco netos e viúva há três anos, a produtora é a liderança na propriedade, cuida do processo de plantio, colheita, contratação de funcionários em épocas de safra e compras diversas. “Hoje em dia, meus filhos já assumiram uma boa parte, mas as decisões principais ainda estão em minhas mãos”, conta Mariza, orgulhosa da profissão.

“Eu e meu marido não tínhamos nada. A gente veio para abrir cerrado em Minas Gerais, depois vendemos a fazenda de lá e compramos outra aqui. Hoje em dia, a gente tem essa propriedade. Eu sou uma simples produtora como muitas e tenho muito orgulho de ser produtora rural”, diz ela, que também lembra que as conquistas foram possíveis graças às lutas e estudos.

“Vaqueiro competente, administração rural. Fiz muitos cursos. As coisas não caem de graça no colo da gente. É preciso se preparar, estudar. Antigamente o povo falava que quem não estudava ia para a roça, agora você tem é que estudar para ir para a roça”, ressalta.

Apesar do último Censo Agro, realizado em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrar uma estimativa baixa de mulheres no campo, elas são muitas e fazem a diferença. Ao todo, o Censo aponta que existem pouco mais de 5 milhões de produtores em todo o país. Desses, 4,1 milhões são homens e 950 mil, mulheres.

Luzia Rodrigues, do Assentamento Contagem,  veio do Piauí para Brasília em 1975. Casou, trabalhou em  olaria. A vida em casa era difícil. Em 1994 veio a tão sonhada terra, plantava para subsistência da família e vendia o excedente.  Separou do marido, com os oito filhos continuou sua luta, recebeu a bolsa escola e este ganho ajudou na alimentação dos filhos.

Decidiu que seria dona de seu destino e investiu no plantio de mandioca, transformando a raiz em farinha e polvilho e seus produtos chegaram ao comércio. Hoje, após tantas batalhas  sua vida mudou, comprou novas terras, um caminhão e um carro próprio. Além disso tudo, conseguiu construir uma câmara fria, onde armazena com mais segurança os seus produtos. “Eu tiro o pão da terra que conquistei”, diz orgulhosa.

Elieje Cola Altoé, do Núcleo Rural Tabatinga, veio do Espírito Santo para Brasília com o marido há pouco mais de 30 anos. Em sua propriedade, começou cultivando hortaliças, milho e arroz. No início, o cultivo era intenso e sem dia de descanso. O trabalho era intenso, dependia de muita mão de obra e ainda tinha a dificuldade da comercialização. Quando surgiu a oportunidade de partir para uma nova produção, não pensou muito.

Começou o cultivo de palmito pupunha e aos poucos foi montando uma agroindústria, que hoje é a Agroindústria Altoé. Com o apoio e o conhecimento dos técnicos da Emater-DF, aumentou a plantação e incentivou outros produtores no cultivo da cultura, para que fornecessem matéria prima para ser processada na agroindústria

Hoje, seu maior orgulho é ser a responsável técnica de sua agroindústria e também de ver que seu produto tem grande aceitação pelos consumidores. O fornecimento é realizado in natura para alguns restaurantes e em conserva. “Com a nova atividade, eu e meu marido temos maior qualidade de vida, não esquecendo que temos todo o empenho desde o cultivo até o produto final, que é a conserva“, ressalta Elije.

Mulheres do Contagem são referência de superação e sucesso

Organização feminina

Por todos os cantos, as histórias e exemplos de mulheres do meio rural se multiplicam. Em Sobradinho, no Assentamento Contagem, um grupo de mulheres se uniu e formou a Associação Flores do Contagem. Da associação, nasceu a Agroindústria Flores do Contagem, que hoje possui uma panificadora equipada e formalizada.

A produção, realizada de forma coletiva, é comercializada por meio de contratos tanto na iniciativa privada quanto por compras institucionais para programas como o de Aquisição de Alimentos do Distrito Federal (PAA-DF) e o de Aquisição da Produção da Agricultura (Papa-DF). O grupo atua na produção de pães, bolos e biscoitos. Junto às mulheres, a Emater-DF tem feito trabalho de qualificação, com cursos voltados para a área e orientações técnicas. O Flores do Contagem foi a primeira agroindústria rural em grupo formalizada no DF.

No Assentamento Betinho, em Brazlândia, o protagonismo também é das mulheres. Em 1996, quando as primeiras moradoras eram acampadas na beira da estrada DF-220, as mulheres criaram um grupo, e passaram a cultivar hortaliças e produzir pães, bolos, salgados, doces e geleias. O grupo está aguardando a construção de um espaço para a fabricação dos panificados na área comunitária da associação. Enquanto isso, elas estão comercializando seus produtos individualmente.

 

 

Ascom – Emater/DF

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