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Borboletando – Arte Inclusiva, Arte do Amor

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MAB recebe obra criada de forma coletiva em projeto cultural de inclusão social. Foto: Carlos terrana

Em 22 de novembro, o Museu de Arte de Brasília (MAB) receberá a obra de arte Borboletando. Com três metros de altura e formada por mil borboletas de cerâmica, trata-se de uma construção coletiva baseada em muito amor, aprendizado e troca entre crianças, jovens e adultos muito especiais, a começar pelo artista plástico Flavio Marzadro. Pessoa com autismo e dislexia, ele se uniu à ceramista Geusa Joseph na realização deste projeto de acolhimento às diversidades, incluindo no fazer artístico pessoas com deficiências, seja por comorbidades, mobilidade ou neuro divergências. Para o lançamento de Borboletando, aberto à população, está confirmada, entre 22 e 27 de novembro, a presença dos participantes do projeto, ou seja, dos coautores da obra de arte.

Como explicam Geusa e Flavio, cada borboletinha ali exposta é superação, e carrega ideias e possibilidades. E, das oficinas ao passeio ao Museu, para verem suas borboletas na escultura, Borboletando reside na memória afetiva de todas e todos que participaram. “Somos eternamente gratos aos coartistas, ao corpo docente das escolas, às equipes do MAB, do Educativo Mediato, aos parceiros, fornecedores e à nossa equipe nota 10. Juntos realizamos, transformamos e alçamos esse incrível voo”, declaram.

O resultado que o público poderá conferir no MAB até 28 de fevereiro de 2024 foi desenvolvido ao longo de 22 oficinas ministradas por Geusa e Flavio em cinco escolas públicas do Distrito Federal: CEE 01 Gama, CEE 01 Planaltina, CEAL-LP, CEEDV, Escola Bilingue de Taguatinga e ainda no projeto De Olho no Lance. Entre 25 e 29 de setembro, acompanhados de monitores para PCD e acessibilidade para PCDA e PCDV, os 250 participantes foram iniciados nas técnicas da cerâmica, o que permitiu a eles darem forma às suas borboletas e se tornarem co-artistas da obra. Munidos de coragem e bom humor, superaram dificuldades e, em meio a festejos, sorrisos e palmas, lindas borboletas foram nascendo, literalmente criando asas e carregando junto o esforço e capacidade criatividade de cada um.

Processo criativo

As oficinas foram pensadas como um espaço de troca onde os participantes foram acolhidos e convidados a explorar sua criatividade, brincando com o barro. Ali, livres para criar, deram origem a sonhadoras borboletas de cerâmica, imprimindo rendas, na argila branca, com texturas únicas, cada uma diferente da outra, refletindo a singularidade de cada ser. Uma vez criadas, antes de alçarem seus voos na escultura, as borboletas foram para a “biscoitagem”, processo de queima do barro, conduzido por Geusa. Queimadas, seguiram para a esmaltagem, processo que também contou com as mãos arteiras das crianças. Por fim, mais uma queima e, brilhantes, foram fixadas à estrutura da obra, uma a uma, num minucioso trabalho.  E pronto, o vôo de pensamentos borboletas de centenas de crianças toma sua forma e agora chega à exposição.

Origem

Flavio Marzadro e a ceramista Francesca Sarti são italianos e pais de filhos neurodivergentes. Há dez anos, na Itália, eles desenvolveram o projeto que deu origem a Borboletando em uma ação pelo “Dia da Dislexia”, comemorado em 16 de novembro. Na ocasião, a partir de oficinas itinerantes pelas regiões da Ligúria, Trentino e Piemonte, eles contaram com a colaboração de cerca de mil crianças disléxicas, assistidas por associações, para confeccionarem as borboletas. Na versão 2023, a diferença fundamental está na extensão do projeto a jovens e adultos e inclusão de várias deficiências.

Realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Economia Criativa e Cultura do Distrito Federal, o projeto conta com acessibilidade em libras, audiodescrição, monitores para auxiliar nas dificuldades de locomoção e transporte para levar os participantes ao MAB. A obra oferece recursos de acessibilidade como audiodescrição via QRCODE e placa em braile.

Sobre os artistas

Geusa Joseph e Flávio Marzadro são dois artistas que trabalham com barro há muitos anos e esse projeto é um sonho bastante antigo que agora se realiza.

Geusa Da Silva Joseph A cerâmica chegou à sua vida através de um projeto para crianças com TDH em Nantes-França, indicada ao seu filho em 2007.  Ingressou no curso de cerâmica contemporânea e desde então fez cursos de formação de técnicas ancestrais de queimas, esmaltação, pinturas naturais, dentre outros, com renomados professores na França, Peru, Paraguai e Brasil.  Em Brasília desde 2016 foi aluna de Paulo Di Paula e José Nicodemos, participando de várias exposições coletivas e eventos internacionais.  Terapeuta holística, Geusa usa a argila como ferramenta de cura. É atualmente vice-diretora do Instituto Maria do Barro Planaltina DF, onde ensina técnicas manuais de criações em argila, ajudando pessoas a conquistar autonomia financeira e autoestima. Desde 2019 trabalha com crianças de 03 a 12 anos no projeto “cerâmica nas escolas”.

Flavio Marzadro, italiano, é artista-pesquisador e sociólogo, formado pela Università degli Studi Di Trento (1999), com especial interesse pela sociologia da arte, e mestre em arquitetura e urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia. Ele se define como um artista pragmatista e sua arte como pública. Como pesquisador e artista busca criar contextos de aprendizagem urbana por meio de experiências coletivas criando eventos de arte pública relacional e generativa realizados na França, Itália e Brasil, países onde também realizou mostras individuais. Fez Residência Artística no MUSE – Museo della Scienza di Trento, na Itália; na organização 59 Rue Rivoli, da prefeitura de Paris, França, e no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador.

Ficha Técnica: 

Coordenação Artística e Ceramista Oficineira: Geusa Joseph

Artista plástico e Oficineiro: Flavio Marzadro

Coordenação de Produção e Gestão: Cláudia Andrade/Aquela Empresa

Designer: Alyssa Volpini

Assessoria de Imprensa: Clara Camarano

Mídias Sociais: Geanne Mendes

Fotógrafa: Samyz Crulz

Videomaker: Daniel Oliveira

Acessibilidade para PCDA – Patrícia Albuquerque e  Juliette Diolinda

Acessibilidade para PCDV: Clarissa Barros e Gabriela Passos

Monitoras(es) para PCDs: Adriana Machado, Ingrid Lopes,  Lucas de França e Roberto Deusdará

Assistentes de produção:  Cely Madeira, Julia Joseph e Violeta Andrade

Ceramista da queima esmaltação: Mira Lucas

Cenotécnicos: Adelson Junior  e Jessica Pereira

Diretor do MAB: Marcelo Jorge

MAB Educativo: Mediato

Serviço:

Borboletando

Museu de Arte de Brasília

Até 28 de fevereiro de 2024

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