A área de produção dos vinhos compreende cinco municípios localizados em dois estados do Nordeste: Lagoa Grande, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco; e Casa Nova e Curaçá, na Bahia.
Para o pesquisador Jorge Tonietto, da Embrapa Uva e Vinho, esse registro é um evento de interesse mundial pois esta é a primeira região de vinhos tropicais do mundo a reconhecer uma IG com altos padrões de exigência da produção.
Iniciada em 1960, a atual área delimitada do Vale do São Francisco originou-se com a organização da produção agrícola irrigada da região. A irrigação permitiu que as terras com caatinga, até então consideradas improdutivas, se tornassem áreas verdes ao longo das margens de beira-rio. As videiras cultivadas na região são ligadas diretamente ao Rio São Francisco e desfrutam de uma região com características únicas no mundo. A viticultura no local é diferenciada com duas podas e duas colheitas por ano.
A previsão é que os primeiros vinhos com a Indicação de Procedência estejam no mercado a partir de 2023, depois de passarem pelas análises exigidas e pelas sessões de avaliação sensorial às cegas, etapas fundamentais para que o vinho possa receber o selo.
O que esperar dos vinhos tropicais na taça
Os vinhos tropicais do Vale do São Francisco são na sua maioria jovens, frescos, aromáticos, frutados e florais, e estão disponíveis ao consumidor em qualquer época do ano. Mas também são produzidos vinhos de guarda e mesmo vinhos nobres, com colheitas de uvas em períodos específicos. Em função do clima quente ao longo do ano, é possível a produção de uvas e vinhos de janeiro a dezembro, com duas podas e duas safras anuais, com possibilidades de colheitas escalonadas ao longo do ano nas diferentes parcelas de vinhedos.
O carro-chefe da produção são os espumantes, com aproximadamente três milhões de litros por ano, seguidos dos vinhos tranquilos, com produção de cerca 1,5 milhão de litros anuais.