Abelha Jataí poliniza até 90% das árvores e flores nativas; 28 produtores do Lago Norte discutem formação de associação
Além de a abelha indígena ter maior potencial como agente polinizador das flores que não são polinizadas pelas abelhas com ferrão (Apis melífera), a espécie não é agressiva, o que facilita seu manejo. A Jataí (Tetragonisca angustula) produz um mel com maior umidade, menos denso, com sabor e aroma diferentes.
Segundo o extensionista da Emater-DF Edson Cytrangulo, o mel é muito utilizado na medicina popular para o tratamento de algumas patologias e tem maior valor agregado devido à baixa produção e características próprias.
A produtividade das abelhas Jataí é de 0,5 kg a 1,5 kg de mel por caixa de abelha por ano, quantidade baixa se comparada à produção da abelha com ferrão, de 25 kg a 30 kg por ano por caixa. Entretanto, enquanto o mel da abelha com ferrão custa em média R$ 30 o quilo, o das abelhas nativas varia de R$ 60 a R$ 120 o quilo.
“A criação das abelhas é apenas a ‘cereja do bolo’. Ela está associada também à preservação ambiental e à produção de frutas no Cerrado, já que as abelhas têm importante papel na fruticultura. E a formação de uma associação de produtores locais é fundamental para dar volume e diversidade de produtos, facilitando o acesso ao mercado”, diz Carlos Morais, extensionista rural da Emater-DF que atende os produtores da região.
Diana e Evandro Schappo estão entre os 28 criadores da região do Lago Norte e já possuem 40 caixas com abelhas Jataí. “Queremos produzir frutas sem retirar a vegetação nativa da propriedade, e a criação das abelhas é uma ótima alternativa”, diz Diana. Goiaba, jabuticaba, lichia, jaca, banana, abacate, cacau, seriguela, manga, carambola são algumas das frutas da propriedade.
O casal já possui encomenda de mel por pessoas que o usam para tratamento de saúde e dizem que há uma rede de lojas de produtos naturais interessados em comprar o mel da Jataí e a cera para processamento e venda. Para Diana, “com a formação da associação e maior aperfeiçoamento da produção, teremos volume para comercializar”.
Além do mel e das frutas, Diana acredita que as abelhas contribuem para a beleza e diversidade de plantas do seu jardim e, por isso, também pensa em trabalhar com plantas ornamentais e ter as abelhas como aliadas no cultivo.
“Depois que a comunidade começou a criar abelhas, caiu consideravelmente o número de queimadas, de áreas desmatadas e a aplicação de produtos para matar o mato. Pois [todos] sabem que essas ações diminuem o número de abelhas”, conta Evandro.
Para ajudar os produtores a controlar os predadores naturais das abelhas Jataí sem o uso de veneno, a Emater-DF tem ensinado técnicas que repelem ou dificultam o acesso de formigas, aranhas e lagartixas às colmeias. “A assistência da Emater está sendo muito importante para nós, pois não queremos usar venenos, que acabam também matando as abelhas”, diz Diana.
Capacitação
Devido à demanda dos produtores para produção de mel, em 2018 a Emater capacitou seus técnicos sobre apicultura. Para o segundo semestre de 2019 está prevista capacitação para a meliponicultura (criação de abelha sem ferrão), também voltada a seus técnicos. Os criadores da região do Lago Norte terão ainda curso sobre o processamento do mel para fabricarem produtos como hidratantes labial e corporal.
(Carol Mazzaro – Assessoria de Comunicação da Emater-DF)