Com objetivo de identificar os principais problemas no cultivo de pimentas ornamentais e buscar soluções para alavancar a produção, a Emater-DF, em parceria com a Embrapa Hortaliças, iniciou o projeto “Validação das cultivares BRS Moema e BRS Seriema no cultivo em vasos”.
O primeiro encontro com produtores que serão acompanhados pelo projeto ocorreu no núcleo rural Rio Preto, em Planaltina-DF, no início do mês. Acompanhadas da coordenadora de Floricultura da Emater-DF, Loiselene Trindade, e do extensionista da empresa Eduardo Damásio, a pesquisadora e coordenadora do projeto, Cláudia Ribeiro, e a analista Sabrina Carvalho, ambas pela Embrapa Hortaliças e da área de melhoramento genético, visitaram dois produtores de pimenta na região. Ao longo do ano, várias unidades de acompanhamento devem ser implantadas.
De acordo com a coordenadora de Floricultura da Emater, essa é uma demanda antiga dos produtores que cultivam pimentas ornamentais. “É um projeto que a Emater-DF está namorando desde 2018 e agora deu certo. A Embrapa vai a campo. O envolvimento da Embrapa na pesquisa, no atendimento da floricultura, é muito importante para o desenvolvimento de tecnologias”, ressaltou.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Hortaliças, apesar de a floricultura ser reconhecida como uma atividade econômica local de grande importância social e econômica, especialmente para os pequenos produtores rurais, é dificultada pela escassez de pesquisas específicas e tecnologias alternativas para essa atividade.
Segundo Cláudia, um dos principais gargalos enfrentados pelos produtores de pimentas ornamentais, atualmente, é a carência de informações e técnicas de manejo cultural de pimentas em vaso adequadas às condições do clima e do solo do DF. “Esta proposta visa validar as cultivares BRS Moema [pimenta biquinho] e BRS Seriema [pimenta bode] em cultivo em vasos, para atender ao nicho de mercado local de pimenta ornamental gourmet”, contou.
O projeto estudará aspectos morfológicos, nutricionais (vitamina C e carotenoides) e de manejo agronômico de pimentas gourmet em vaso, como o uso de fertirrigação, testes com diferentes substratos disponíveis no mercado, tipos de vasos e número de mudas/vaso, que melhorem a qualidade do produto final a ser disponibilizado no mercado local, assim como a renda do produtor familiar.
Além de identificar os produtores e acompanhar todos os aspectos da pesquisa, a Emater-DF acompanhará pesquisadores da Embrapa Hortaliças em visitas técnicas que buscam identificar os principais problemas enfrentados pelos produtores de pimentas de vaso, como doenças e pragas, por exemplo. E também, na identificação de produtores que inicialmente avaliarão as cultivares da Embrapa em cultivo em vaso. A parceria entre a Emater-DF e Embrapa Hortaliças permanecerá durante a execução do projeto, que será de 24 meses (anos de 2020 e 2021).
Programa de empreendedorismo da Emater incentiva filho de produtor a investir em projeto
Em uma área de 600 metros quadrados, Cleiton Neves Elias, de 25 anos, começou a dar seus primeiros passos como empreendedor rural no Núcleo Rural Córrego do Atoleiro, em Planaltina. Após passar pelo curso de técnico em agroindústria no Instituto Federal de Brasília (IFB) e pelo programa Filhos deste Solo, da Emater-DF, o desejo de empreender dentro da área rural, ajudar sua mãe, Ivani Mariana Neves Elias, 53 anos, na propriedade dela e no futuro poder fazer essa sucessão, aumentou dentro do jovem do campo.
Morando na propriedade de sua mãe, que tem dois hectares, ele ocupa a parte do terreno cedida por ela, onde começou o cultivo de mudas orgânicas e insumos orgânicos. Inicialmente, está investindo em plantas nativas do cerrado, ornamentais, Pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e insumos. Foi no programa Filhos deste Solo que ele diz ter ampliado os horizontes para o empreendedorismo e começado a controlar seus gastos.
“O curso me proporcionou ter total controle dos meus gastos, além de acesso a uma rede network que viabilizou visitarmos propriedades de sucesso, pegar informações importantes e divulgar um pouco do meu produto. Foi extremamente importante para mim”, conta.
O projeto, que teve andamento na atual gestão, está alinhado ao Plano Estratégico do Governo do Distrito Federal no âmbito do desenvolvimento econômico, com oportunidade de emprego e renda, além da melhoria no ambiente de negócio. A iniciativa também está contemplada no lado social, com objetivo de reduzir desigualdades por meio da geração de renda.
Entre suas cultivares, Cleiton possui plantas do cerrado e de outros ecossistemas, como o tamburil, barriguda, araçá, graviola, aroeira pimenteira, cacau, cereja gaúcha, pau-ferro, cajá, café vermelho, buriti, açaí, ingá, vinagreira e ipês branco, amarelo e rosa. “Ainda estou adaptando, organizando o viveiro, colocando os nomes científicos das ornamentais”, explicou Cleiton. As pancs fazem parte do cultivo de sua mãe, mas que estão recebendo grande parte da sua atenção, por serem nelas que dona Ivani investe com maior propriedade e espera ter retorno.
O curso presencial de empreendedorismo Filhos deste Solo formou dez turmas com alunos dos núcleos rurais da Taquara, Tabatinga, Pipiripau, PAD-DF, IFB de Planaltina, Brazlândia, Jardim II e Rio Preto, totalizando 207 jovens da área rural beneficiados. Para a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca, o projeto engrandece o campo e visa mostrar as diversas possibilidades que os jovens podem encontrar na área rural.
“A ideia é fazer com que esses jovens não se frustrem saindo do campo para cidade, em busca de emprego. Além disso, mostrar que eles podem empreender e suceder seus pais no meio rural, garantindo emprego e renda no campo e ainda comida de qualidade na mesa das pessoas”, apontou Denise, que garante que um de seus objetivos à frente da Emater é fazer da área rural do Distrito Federal um dos melhores lugares para trabalhar e viver.
Realizações
“Com o curso de empreendedorismo da Emater, eu consegui entender de uma forma mais simples sobre todo o custo de produção, sobre como criar e alimentar o fluxo de caixa”, conta ele, que ressalta ter conquistado maior segurança e ido à luta. “Eu não tinha recurso financeiro, então eu mesmo fui andar no cerrado e fazer coletas de sementes, trouxe para casa e comecei a germina-las”, diz o jovem orgulhoso ao mostrar as mudas cultivadas.
O primeiro passo, logo após a busca por mudas, foi a criação de sua empresa com a abertura de um CNPJ. As próximas medidas serão a carteira de produtor rural e a buscar por um crédito rural para investir no seu projeto. O conhecimento da atividade, de acordo com ele, foi aprofundado no curso de técnico agropecuário do IFB. No entanto, desde criança já ouvia muitos ensinamentos práticos da mãe, que sempre gostou de plantar os próprios alimentos em processo orgânico, sem produtos químicos.
“Eu via muito a minha mãe fazendo as coisas e me ensinando. Mesmo sem estudo, ela sabe muito na prática. Desde criança fui ganhando forças e sendo incentivado por ela. Hoje o maior orgulho dela é ver eu fazendo as mesmas atividades e tendo me aprofundado no que ela me passou”, conta Cleiton, que pretende ajudar a mãe e ajudar a tomar conta dos negócios.
Segundo o jovem empreendedor, entre suas plantas, os abacaxis ornamentais que ele cultiva são os “queridinhos” do momento. “Eu vendo as mudas, mas como estou no início, eu também faço trocas”, disse. Casado com Denise Silva Rodrigues, de 24 anos, o jovem é pai de dois filhos, um de 3 anos e outro de 1 anos. Apesar das adversidades, como falta de transporte e muitas vezes não ter com quem deixar os filhos, ele e a esposa conseguiram se formar no IFB. A esposa é técnica em agroindústria e também fez o curso Filhos deste Solo.
Troca de mudas por insumos
Em um segundo momento, Cleiton planeja fazer um trabalho de educação ambiental, incentivando as pessoas a reciclar o lixo. A ideia é trocar uma muda de planta nativa por resíduos orgânicos como casca de ovo, borra de café e casca de banana. De acordo com ele, esse material vira insumo para suas plantas. “Com esses três já dá para fazer um excelente adubo”, acrescenta.
“Eu quero fazer um cartão fidelidade, com a troca de resíduos orgânicos por mudas de plantas ornamentais, nativas do cerrado ou Pancs. A pessoa vai juntar 1kg de algum dos três resíduos, trazer esse material separado. Cada quilo do resíduo, acompanhado de uma garrafa pet vazia, vai dá direito a uma muda”, conta.
Empreendedorismo rural
Foram 40 horas de curso, gratuito, em que eles puderam transformar suas ideias em planos de negócios. Participaram jovens entre 16 e 29 anos, ligado de alguma forma a uma propriedade rural (Proprietário, agricultor, filho de agricultor ou funcionário de empresa ou propriedade rural).
O programa de empreendedorismo rural Filhos deste Solo tem como objetivo apoiar a permanência dos jovens no campo, com condições dignas, por meio de incentivo na condução de negócios bem-sucedidos, dotando-os de competências e habilidades, com novas perspectivas culturais, sociais e empreendedoras dentro da própria comunidade.