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Fundação Rockefeller conhece trabalho da Emater-DF no Assentamento Fazenda Larga

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Criação de peixes na propriedade de Jair Francisco Pinto, na Fazenda Larga. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

A visita às propriedades rurais visa firmar uma parceria para implantar o modelo de desenvolvimento rural sustentável brasileiro em países do continente africano

Com o objetivo de apresentar um modelo de desenvolvimento rural baseado em práticas sustentáveis, os produtores rurais do Assentamento Fazenda Larga, em Planaltina, Jair Francisco Pinto e João Paulo de Freitas Silva, abriram as portas das suas propriedades aos dirigentes da Fundação Rockefeller, do Grupo Campo e da Emater-DF, na última sexta-feira (31/3). Essas instituições e outros parceiros brasileiros estudam a promoção de um intercâmbio para alavancar a agricultura em países do continente africano por meio da implantação de um sistema sustentável e regenerativo.

A Fazenda Larga se estabeleceu como um case de sucesso de produção agrícola em resultado do trabalho de assistência técnica e extensão rural (Ater) transformador e ostensivo da Emater-DF junto aos agricultores, que chegaram à região em 2003. Antecedendo a visita, o gerente do escritório local da Emater-DF do Núcleo Rural Pipiripau, Geraldo Magela Gontijo, fez uma apresentação detalhada sobre o trabalho realizado por sua equipe, responsável pelo atendimento no Assentamento, desde a chegada dos assentados até o momento atual.

“É emocionante levar essa história para outros países porque realmente vimos as pessoas numa situação de pobreza, passando por necessidades de alimentos, mas que em seguida começaram não só a produzir alimento para consumo e não sentir fome como vender e garantir o fornecimento de produtos agrícolas para a população da cidade. Ao ver esse crescimento deles, que hoje muitos estão num nível de vida bastante confortável e acima da média da área rural, o sentimento é de dever cumprido, apesar de haver muito ainda a se fazer”, disse Magela.

Produtor rural Jair Francisco Pinto, o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, e o diretor da Fundação Rockefeller para a África, Peiman Milani, durante visita à Fazenda Larga. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

Para o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, o resultado alcançado é fruto tanto das ações diretas na Emater-DF no local, mas também da aceitação desse trabalho por parte dos produtores rurais. “O trabalho de Ater é técnico, baseado em pesquisas e estudos, no entanto, é preciso estabelecer uma relação de confiança dos produtores para a aceitação e adoção das Boas Práticas Agrícolas, da diversificação de culturas, uso das tecnologias apresentadas, dos modelos de comercialização e muito mais orientações. Nós atuamos de forma integrada e sistematizada nas propriedades rurais e estamos disponíveis para uma parceria que vise levar o nosso modelo de desenvolvimento rural para outros países que se encontram em vulnerabilidade social e insegurança alimentar e nutricional”, declarou o dirigente.

O diretor do escritório da Fundação Rockefelller para a África, Peiman Milani, veio a Brasília aprender a agricultura regenerativa que o Brasil está praticando. A instituição trabalha muito com sistemas alimentares olhando para o consumo, visando tentar melhorar a nutrição e a dieta da população, principalmente a mais vulnerável. O objetivo da instituição é trabalhar toda a cadeia e, por causa dos desafios das mudanças climáticas, focando mais na agricultura que regenera, que não é só extrativa e que mantém o sistema em equilíbrio e mais enriquecido.

“Vimos que o trabalho realizado pela Emater-DF na Fazenda Larga é extraordinário. Na África não temos um grau de suporte tão grande ao agricultor como o que vi aqui. Tem muitas coisas que a gente consegue adaptar das técnicas mais simples e de mais baixo custo. A percepção é a de que o Brasil está na ponta, mundialmente, nessa coisa das práticas sustentáveis e regenerativas na agricultura. Não é só motivo de orgulho, mas um conhecimento e uma experiência que a gente quer criar uma ponte com a África. A história do Brasil com a África no início foi pautada pela escravidão e pelo extrativismo e agora podemos ir no sentido contrário, contribuindo para a segurança alimentar deles”, disse Peiman Milani.

Ainda segundo o diretor, a maioria dos países africanos não é autossuficiente na produção de alimentos e o Brasil ultrapassou essa realidade com muito investimento, aprendizado, colaboração e hoje está num nível de grande celeiro de alimentos do mundo. “A gente acredita que existe esse potencial na África e dá para a gente acelerar esse desenvolvimento da agricultura no continente através dessa cooperação com o Brasil. No Quênia, o presidente da Fundação quer desenvolver o sistema agrícola, não só o sistema familiar, mas o de média e larga escala. No momento estamos apoiando a Campo para desenvolver um plano de negócio que possa atrair investimentos, seja baseado no know how  brasileiro com investimento internacional para tentar fazer acontecer na África e a Fazenda Larga é um modelo para isso”, finalizou.

Os presidentes da Associação e da Cooperativa dos Produtores da Fazenda Larga, Paulo Wilson Monteiro e Juscelino de Jesus Santos, respectivamente, o consultor de Projetos do Grupo Campo, Cézar Rizzi, extensionistas da Emater-DF e produtores rurais também participaram da visita à Fazenda Larga.

Histórico

O Assentamento da Fazenda Larga começou para abrigar pessoas que ocupavam uma área onde foi criado Parque Sucupira, em Planaltina, que em sua maioria eram carroceiros. A transformação do Assentamento Fazenda Larga começou desde o início, em 2003, é fruto do trabalho realizado pelos extensionistas do escritório local da Emater-DF no Núcleo Rural Pipiripau, que levaram conhecimento e políticas públicas para os agricultores familiares.

Além do acompanhamento da Emater-DF, a comunidade contou com apoio da Secretaria da Agricultura e com recursos financeiros de programas do GDF e do Governo Federal, decisivos para superaram problemas com a escassez de água, falta de experiência e conhecimento técnico na produção agrícola e de recursos para investimento. Com esse apoio, vontade e trabalho, os produtores melhoraram o sistema produtivo, compraram equipamentos, implantaram sistemas de irrigação, acessaram programas de compras governamentais, aprimoraram sistemas de comercialização e se estabeleceram no mercado. Atualmente a área de 115 hectares destinada ao Assentamento abriga 79 lotes, além de área destinada a Reserva Legal (RL) e Área de Preservação Permanente (APP).

Jair Francisco Pinto mudou-se com a família para a Fazenda Larga em 17 de setembro de 2003, mas não sabia nada de agricultura. Hoje na sua propriedade de 6,3 hectares tem de tudo um pouco, diversas frutas, milho, café e soja, cria peixe, galinhas, gado de corte e de leite. A diversidade produtiva foi um incentivo da assistência técnica e é praticada por muitos produtores locais.  “Eu defino a minha jornada na produção rural como um caso de insistência técnica da Emater-DF, tanto dos técnicos do Pipiripau quanto da sede. Eram muitas famílias naquela época e sempre recebemos muito carinho e atenção por parte deles, nos incentivando, levando para cima, faziam palestras, premiavam as propriedades produtivas, premiavam os produtores, valorizando e conscientizando tanto na questão social quanto ambiental e produtiva. A gente quando começou a plantar só comia abóbora, pois só plantava abóbora, hoje temos uma riqueza na terra”, disse Jair.

 

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