Mais do que um hábito alimentar, o estilo de vida tem conquistado muitos adeptos no Brasil. Conheça mais sobre esse nicho no Dia Mundial do Vegetarianismo
O italiano Marco Antonio Rozas Herrera, de 55 anos, transformou seu estilo de vida em negócio quando abriu, em março deste ano, a La Vegetalle Pizzaria Veggie, a primeira pizzaria vegana e vegetariana de Natal e do Rio Grande do Norte. A motivação para o europeu – que vive há 32 anos no Brasil – foi a falta de opção. “Sou vegetariano desde os 16 anos e nunca mais comi carne em minha vida. Há pouquíssimas alternativas de pizzas vegetarianas ou veganas no mercado”, argumenta.
A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) explica que o veganismo “é um movimento em que seus adeptos excluem, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais – seja na alimentação, vestuário ou outras esferas do consumo”. O vegetarianismo, por outro lado, é uma escolha alimentar na qual se tiram os produtos de origem animal do cardápio.
Para Jane Blandina, analista de Inteligência de Mercado da unidade de Competitividade do Sebrae Nacional, o vegetarianismo ainda está em uma fase de crescimento no Brasil, mas já apresenta sinais de consolidação, principalmente nas grandes cidades. “Embora não seja o comportamento alimentar predominante, o aumento constante de vegetarianos e flexitarianos (aqueles que reduzem o consumo de carne, sem eliminá-la completamente) sugere que o vegetarianismo está mais perto de se consolidar como um hábito do que apenas uma tendência passageira”, justifica.
A fala da analista do Sebrae é reforçada pelo empresário Marco Herrera: “Sou vegetariano há quase 40 anos e, em todo esse tempo, tenho acompanhado a evolução da aceitação do público por uma dieta sem carne”. E complementa: “Digo não apenas aceitação, mas também ‘conversão’ ao vegetarianismo e veganismo”.
Segundo estudo divulgado pelo IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria (antigo Ibope Inteligência), em 2022, houve um avanço do flexitarianismo no Brasil. O termo que une as palavras “flexível” e “vegetarianismo” é usado para definir um tipo de padrão alimentar caracterizado pela redução do consumo de alimentos de origem animal. O levantamento mostrou que 46% dos brasileiros com mais de 35 anos pararam de consumir carne por conta própria, ao menos uma vez por semana. O estudo, que foi feito a pedido da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), também revelou que 32% já escolhem opções veganas em restaurantes e outros estabelecimentos.
Produtos de primeira para um público exigente
A La Vegetalle Pizzaria Veggie vende somente pizzas 100% vegetarianas/veganas. O cardápio aposta em ingredientes nobres, o menos industrializado possível. A massa da pizza é de longa fermentação e não leva açúcar, ovos ou banha de porco. “O perfil dos nossos clientes é formado principalmente de veganos, mas as pizzas vegetarianas atendem o público em geral também, especialmente os intolerantes à lactose”, frisa o empreendedor italiano.
A analista do Sebrae sublinha que os consumidores desse nicho são exigentes e há uma busca crescente por alimentos orgânicos e de produção local, além de pratos que priorizam ingredientes frescos, sem aditivos químicos e com alto valor nutricional. “Entre as inovações para o público vegetariano, destacam-se os alimentos plant-based, que simulam carne, queijos e outros produtos de origem animal”, sugere.
No Dia Mundial do Vegetarianismo, comemorado nesta terça-feira (1º), o Sebrae elenca dicas para empreendedores do setor de alimentação que desejam investir nesse nicho:
- Estude o público-alvo.
- Adapte o cardápio e busque fornecedores locais e de ingredientes de qualidade.
- Capacite a equipe para preparar pratos que atendam a essas necessidades alimentares é fundamental.
- Aposte na criatividade para criar pratos saborosos e diferenciados.
- Fique atento à comunicação do estabelecimento para que o marketing ressalte os valores que o público vegetariano valoriza, como sustentabilidade e saúde.
- Plataformas como Mercado Vegetariano ou Startup Base permitem acompanhar novas tendências e inovações do setor.
- Consulte também as ferramentas de planejamento oferecidas pelo Sebrae, desde a estruturação do negócio até a criação de cardápios.