O programa surgiu da necessidade de melhoria da qualidade sanitária dos alimentos produzidos, bem como para a proteção ambiental e para a promoção da saúde. Pelo projeto, a instalação dos sistemas de tratamento é realizada em propriedades de agricultores de baixa renda, fornecedores dos programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Aquisição da Produção da Agricultura (PAPA-DF) e de agricultores que estão em processo de certificação no Programa de Boas Práticas Agropecuárias.
De acordo com a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca, o alcance dos benefícios que a instalação dos sistemas traz não se limita à propriedade rural. “Nos últimos dois anos foram mais de 1,3 mil agricultores e moradores do campo beneficiados. Fora o atendimento indireto da população do Distrito Federal, que são os consumidores dos alimentos produzidos pelos produtores. Tudo que a gente faz no campo também beneficia a cidade”, destacou a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca.
Para a coordenadora do Programa, Ana Paula Rosado, o projeto dá condições dignas aos moradores do campo, garantindo sustentabilidade e alimentos saudáveis. “O esgoto liberado diretamente no meio ambiente pode contaminar o solo, a água e os alimentos produzidos, sendo prejudicial à saúde dos moradores do campo e da população de maneira geral. Muitos produtores não têm condição financeira para essa implantação”, conta Ana Paula.
Até o momento, os sistemas instalados em 2020 e 2021 contaram com o recurso de emendas parlamentares dos deputados Leandro Grass (Rede) e Reginaldo Sardinha (Avante). Em 2022, pelo menos 200 instalações serão feitas por meio de recursos destinados pelos deputados Leandro Grass e Jorge Vianna (Podemos). Segundo o extensionista Antonio Dantas, executor do contrato pela Emater-DF, caso haja recurso, a expectativa é a de que o número de sistemas de tratamento de esgoto instalados possa chegar a 350.
Histórico
Iniciado ainda em 2017, o trabalho partiu de uma parceria com a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri). A Seagri doava os equipamentos, a Emater-DF ajudava na seleção das famílias e os produtores e moradores arcavam com os custos de instalação. Nos dois primeiros anos chegaram a ser instalados 105 kits nesta modalidade.
Em 2020, a Emater-DF retomou o projeto, que passou por remodelação com a entrega do kit completo e já instalado. Os custos de mão de obra, muitas vezes, dificultavam e até inviabilizavam sua instalação. Nesta nova modalidade, foram colocados 165 kits em 2020 e outros 119 em 2021. “Calculamos que, incluindo material e instalação, cada kit sairia em torno de R$ 7 mil. E há propriedades que necessitam de mais de um, pois cada kit atende uma casa com até cinco pessoas”, explica Ana Rosado
Se somados, os kits de tratamento instalados desde 2017, no projeto de parceria com a Seagri, aos que serão colocados até dezembro de 2021, 412 sistemas de saneamento foram instalados graças às iniciativas da Secretaria de Agricultura e da Emater-DF.
Como funciona
As fossas ecológicas que estão sendo instaladas no meio rural, por meio da Emater-DF, fazem um tipo de tratamento dos dejetos da cozinha e do banheiro. A água suja passa por mais de um processo de filtragem e chega ao final com pelo menos 80% do resíduo tratado. Em alguns modelos, a eficácia do tratamento chega a 95%. O restante, o próprio meio-ambiente consegue absorver sem risco de contaminação.
Um dos beneficiados pelo Programa de Saneamento Rural da Emater-DF, o trabalhador rural Ênio Tomas de Aquino, 62 anos, comemorou a instalação. Ele estava preocupado com a água que, em Vargem Bonita, é muito rasa, o que a deixa muito vulnerável a contaminações. “Vai melhorar nossa saúde e também do meio ambiente porque nosso planeta está precisando que a gente cuide dele”, afirmou.
Assista ao vídeo sobre a instalação de uma fossa ecológica em Vargem Bonita:
Critérios do programa
Como a Emater-DF atua de maneira supletiva atendendo às propriedades rurais que necessitam, é feita uma seleção prévia das famílias. Cada escritório analisa individualmente os casos antes de definir quais terão os equipamentos instalados.
Entre os critérios estão, entre outros, enquadrar-se como família de baixa renda e comercializar alimentos em programas de compra institucional. Também são levados em conta os produtos cultivados. Hortaliças, por exemplo, são mais susceptíveis à contaminação do solo, por isso acabam sendo priorizadas.