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Temer insinua que Janot recebeu dinheiro da JBS e classifica denúncia como “ficção”

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“Tive uma vida muito produtiva e muito limpa”, diz Temer. Foto: Fátima Meira/26.06.2017/Futura Press/Folhapress

Presidente afirma que aguardará com tranquilidade uma decisão vinda do judiciário

Do R7

Em pronunciamento convocado para se defender da denúncia criminal apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), o presidente Michel Temer (PMDB) insinuou nesta terça-feira (27) que o procurador-geral, Rodrigo Janot, recebeu dinheiro da JBS e classificou a acusação contra ele como “uma trama de novela” e “uma ficção”.

— A denúncia é uma ficção. Eu devo explicações ao povo brasileiro, especialmente à minha família e amigos. Não há nada mais desagradável do que a sua família estar a todo momento ligando a televisão e vendo que seu irmão, tio ou pai é corrupto.

Temer disse ainda que vai aguardar com toda tranquilidade uma decisão do judiciário e questionou onde estão as provas concretas de recebimento dos valores que teriam sido ofertados a ele pelo empresário Joesley Batista, da JBS.

— Tive uma vida muito produtiva e muito limpa e, justamente neste momento que estamos colocando o País nos trilhos, somos vítima dessa infâmia de natureza política. Eu fui denunciado por corrupção passiva a essa altura da vida sem jamais ter recebido valores, nunca ter visto o dinheiro ou participado de acerto para receber ilícitos.

O peemedebista também citou sua formação jurídica para afirmar que tem conhecimento necessário para identificar quando os fatos apresentados em uma denúncia são substanciosos, quando têm fundamento jurídico, e quando não têm.

— Reinventaram o Código Penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação. […] Se alguém cometeu um crime e eu o conheço, logo sou também criminoso.

Dinheiro da JBS

O presidente ainda aproveitou a fala à nação para atacar Janot, que teve como braço direito o ex-procurador Marcelo Miller. Segundo Temer, Miller abandonou o Ministério Público para trabalhar na JBS sem respeitar o período de quarentena.

— Ele [Miller] garantiu a seu novo patrão um acordo benevolente, uma delação que tira o seu patrão das garras da justiça e que gera uma impunidade nunca antes vista. […] Tudo assegurado pelo procurador-geral. […] Poderíamos concluir nessa hipótese que talvez os milhões de honorários recebidos não fossem unicamente para o assessor de confiança que, na verdade, deixou a procuradoria para trabalhar nessa matéria.

Temer ainda criticou a decisão de Janot de fatiar as denúncias contra ele. Para o presidente, a separação foi feita com a intenção de “provocar fatos semanais contra o governo”.

Temer é o primeiro presidente denunciado criminalmente pela PGR (Procuradoria-Geral da República) no exercício do cargo. Ontem, Janot denunciou o peemedebista e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), conhecido como “homem da mala”, por corrupção passiva no caso JBS. Janot atribui crime a Temer a partir do inquérito da Operação Patmos — investigação desencadeada com base nas delações dos executivos do grupo J&F, que controla a JBS.

Na acusação, o procurador-geral da República afirma que Temer usou do cargo para receber para si, por intermédio de Loures, vantagem indevida de R$ 500 mil ofertada pelo empresário Joesley Batista, da JBS.

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